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Cultura para todos

21.07.2016 | Acadêmicos, Gerais

Nelson Guimarães Proença

Recebo um pedido para redigir, uma página que seja, destacando a importância de divulgarmos a Cultura. Destino: uma publicação da Secretaria Municipal de Cultura. Vamos lá. 

Quando penso em Literatura, olho para as crianças que acabaram de ser alfabetizadas e vejo que elas estão aptas a ampliar o mundo que as cerca. 

Quando penso em Cultura, dirijo meus pensamentos para os jovens e vejo que eles estão começando a dar conceito ao mundo em que vivem, a reconhecer a existência de valores, os que não se limitam ao que é material. 

Pensando em todos, reconheço como é importante contribuir para que consigam pavimentar as estradas de suas vidas, cada qual percorrendo a sua. 

Há dez anos vivo na antessala do Paraíso, no Vale dos Marmelos, e lá está comigo — vivendo e trabalhando — um excelente casal. Eles acrescentaram a nós uma filha, e isso já faz quase oito anos. Para ela sou também seu avô, para mim ela é mais uma neta. É desta pequena que vou falar. 

Cedo percebi sua atração por revistas e livros, aquelas com figuras que explicavam as coisas; estes — os livros — para ela um grande mistério, um grande enigma, um não sei o quê. Perguntava-me se um dia poderia descobrir os segredos ali escondidos. Seriam maravilhosos talvez? 

No 2º ano do Ensino Fundamental chegou a tão esperada hora da alfabetização, e, logo nos primeiros meses, conversando comigo, teve um suspiro sentido, uma manifestação de vontade: “Ai, se eu já soubesse ler!”. 

Aprendeu muito depressa. Impulsionada por este desejo, passou a devorar a leitura do que era próprio para seus sete anos de idade, fazia com que participássemos de sua felicidade, esforçava-se e lia para nós. E também escrevia. Acaba de completar o 2º ano e está alfabetizada. 

Assumindo, hoje, um ar de muita seriedade, pedi a ela que me ajudasse, que escrevesse alguma coisa. Sentou-se,- concentrada, lápis na mão e papel à frente, pensou um pouco e escreveu: 

“— Quando nós lemos viajamos para lugares que nunca fomos. Vemos o mundo de uma maneira diferente, gosto de ler porque me sinto alegre”. 

Aí está! 

Literatura e Cultura para todos! Um mundo melhor para viver!

Nelson Guimarães Proença 

Membro da Academia de Medicina de São Paulo