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Tertúlia de novembro traz trabalhos vencedores dos Prêmios Científicos da AMSP

12.11.2025 | Tertúlias

Na última quarta-feira, 12 de novembro, a Academia de Medicina de São Paulo promoveu mais uma edição da sua tradicional tertúlia – de forma híbrida, com transmissão a partir da sede da Associação Paulista de Medicina. Nesta edição, os convidados foram os vencedores dos Prêmios Científicos da AMSP, Eduardo Iwakami Caldana e Laura Goldfarb Cyrino, nas categorias “Alunos do Curso Médicos de Faculdades de Medicina do Estado de São Paulo” e “Médicos com CRM do Estado de São Paulo”, respectivamente.

O presidente da Academia, Helio Begliomini, saudou e agradeceu a presença de todos. “Essa tertúlia será um pouco diferente. Criado nesta gestão, ela visa homenagear os vencedores do Prêmio Científico da Academia de Medicina de São Paulo 2025.”

Eduardo Caldana, estudante do quarto ano da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e membro da Liga Acadêmica de Diabetes, apresentou o trabalho sobre “Comparação de Glicemia de 1h e de 2h no TOTG (teste oral de tolerância à glicose) para Diagnóstico de Hiperglicemia Intermediária e Diabetes Tipo 2 em Adolescentes com Obesidade”. De acordo com o acadêmico, ao observarmos as projeções brasileiras, estima-se que cerca de 40% de todas as crianças brasileiras tenham obesidade até 2035, colocando o País como o quinto maior do mundo na categoria.

Caldana explica que entende-se que o aumento da frequência da obesidade juvenil se correlaciona com o aparecimento cada vez mais precoce de comorbidades e distúrbios metabólicos, como por exemplo a Diabete Mellitus Tipo 2 (DM2). Os critérios apresentados por ele são os determinados pela Academia de Diabetes Americana para o rastreio e diagnóstico da doença. No exame de TOTG, está prescrito que valores acima de 140 após duas horas de sobrecarga da glicose são considerados hiperglicemia intermediária e valores acima de 200, como diagnóstico da doença em si.

Porém, no ano de 2024, a Federação Internacional da Diabetes soltou um posicionamento a respeito de um novo ponto de corte dentro desse mesmo exame, no caso de uma hora após sobrecarga, em que foi determinado que valores acima de 155 são considerados hiperglicemia intermediária e valores acima de 209, como diagnóstico de DM2. 

O acadêmico também explicou detalhadamente o desenvolvimento do trabalho, sendo realizado um estudo retrospectivo, transversal, com amostras de conveniência, em que foram reunidos dados de 209 adolescentes com sobrepeso ou obesidade de ambos os sexos, que tenham realizado o TOTG e acompanhado no ambulatório da Endocrinologia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo. Foram excluídos os pacientes que estavam em uso de medicamentos, como a metformina, e aqueles pacientes com diagnóstico prévio de DM1.

Projeto Visionários

Laura Goldfarb Cyrino, vencedora da categoria “Médicos com CRM do Estado de São Paulo”, com o trabalho “Educação em Triagem Visual para Professores de Escolas Públicas de São Paulo: Uma Abordagem Remota”, é oftalmologista, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Atualmente, está no terceiro ano da residência em Oftalmologia na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde também realiza seu doutorado em órbita e clássica ocular.

Realizado no Hospital das Clínicas, na Universidade de São Paulo, o Projeto Visionários tem como objetivo avaliar a eficácia de um programa remoto de treinamento visual para educadores na condução de triagem visual para crianças de 2 a 5 anos, com foco na saúde ocular, além da acuidade visual.

A médica explica que o início do projeto se deu com um estudo prospectivo envolvendo 42 educadores de uma creche pública da periferia de São Paulo. Os participantes fizeram um programa de treinamento a distância, com videoaulas sobre a saúde ocular e técnicas de triagem. “Foi feita uma triagem visual para saber se as crianças enxergavam ou não. Além disso, capacitamos professores para que eles conseguissem reconhecer os problemas visuais que podem ser definitivos quando falamos da cura de uma criança que pode ter miopia e, posteriormente, cegueira. Eles também foram capacitados para reconhecer o que poderia ser estrabismo, cegueira e catarata”, completa.

Para avaliar o aprendizado e a aptidão dos participantes, foram aplicados questionários antes e depois das videoaulas. Após o treinamento, os educadores aplicaram a triagem visual em 200 crianças, utilizando o Lea Symbols (um teste de acuidade visual adaptado com símbolos, em vez de letras). Os resultados dessas triagens foram então comparados com as realizadas por oftalmologistas.

De acordo Laura, as triagens apresentaram resultados promissores e animadores. Foram observadas melhoras significativas no uso da tabela Lea Symbol, para ver o quanto a criança enxerga, e na compreensão das doenças oculares, como a miopia e no aumento da confiança para realizar a triagem visual.

Na comparação com a avaliação médica, a triagem feita pelos educadores demonstrou uma precisão muito boa. “Quando as crianças tinham alterações oculares, precisando de óculos ou tinham estrabismo, foi muito significativo, porque os professores conseguiam identificar que tinha algo errado, mesmo sem poder dar os diagnósticos, elas sabiam que aquela criança precisava de atenção”, destaca.

Por fim, a especialista conclui que o programa de treinamento aprimorou significativamente os conhecimentos e habilidades dos educadores na triagem visual, auxiliando na detecção precoce de problemas oculares em crianças, apresentando grande potencial para a implementação em larga escala e podendo contribuir para a padronização de um programa nacional de saúde ocular.

Texto e fotos: Maria Lima (sob supervisão de Giovanna Rodrigues) – Adaptado por Academia de Medicina de São Paulo.