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“Evolução da coluna, aquisição da lordose e dor nas costas” são temas da tertúlia de junho

11.06.2025 | Acadêmicos, Tertúlias

Compreender o passado dos seres humanos e a sua evolução contribui para a percepção de uma série de condições existentes atualmente. Neste sentido, a Academia de Medicina de São Paulo (AMSP) realizou, na última quarta-feira, 11 de junho, mais uma edição de sua tradicional tertúlia, com o neurocirurgião João Luiz Pinheiro Franco, que palestrou sobre o tema “Evolução da coluna, aquisição da lordose e dor nas costas”.

O presidente da Associação Paulista de Medicina, Antonio José Gonçalves, esteve presente, prestigiando a apresentação e o presidente da AMSP, Helio Begliomini, fez a abertura do evento – que ocorre de forma híbrida, com transmissão a partir da sede da Associação Paulista de Medicina -, relembrando a trajetória profissional de Franco.

“Ele é graduado pela Escola Paulista de Medicina e, por influência de seu pai, se especializou em Neurocirurgia. Fez um estágio prolongado na Alemanha e ficou dois anos na França, fazendo especialização em Neurocirurgia da coluna. João Luiz teve o privilégio de participar de vários serviços, por isso, tem um vasto conhecimento sobre a Medicina da Europa e dos Estados Unidos. Atualmente, ele também é o neurocirurgião de referência do Consulado da França, em São Paulo”, apresentou Begliomini.

Estruturação

Segundo o palestrante, a bipedia, ou seja, o conceito de se movimentar na vertical, com o apoio dos membros inferiores, era um amplo interesse de grandes personalidades da antiguidade. Para Platão, o homem era um bípede sem penas; Aristóteles argumentava que o homem tinha a estação ereta; enquanto Emmanuel Kant, por sua vez, afirmava que foi a capacidade de raciocinar que conduziu o ser humano à verticalização de sua postura – no entanto, João Luiz demonstrou que o que ocorreu, na prática, foi o inverso disso.

Diante das considerações dos pensadores, Franco explicou que a coluna é um órgão de sustentação. “Todos nós nascemos com uma grande curva na coluna inteira. Com alguns meses de vida, adquirimos uma curvatura chamada lordose e, depois, desenvolvemos a curvatura lombar, que nos ajuda a ficar em pé.”

Ele também acrescentou. “Olhada de frente, a coluna é reta, mas olhada de lado, ela tem diversas curvaturas importantes. Todos nós temos um equilíbrio lateral ou sagital da coluna, o equilíbrio harmonioso do tronco sobre a bacia e os membros inferiores com gasto de energia mínimo para manter o centro da gravidade em uma posição fisiológica.”

Para o palestrante, a única maneira de compreender as mudanças ocorridas no corpo humano com o passar dos anos, que levaram o homem a ter a estrutura nos moldes atuais, é estudando os primeiros registros da humanidade na Terra. Conforme relembrou, as mudanças geológicas ocorridas no continente africano alteraram o clima e fizeram com que os ancestrais tivessem que se adaptar às novas condições.

Com isso, vieram diversas descobertas, como a do fogo, que possibilitou que a digestão começasse mais cedo, já que havia menos energia dispendida com a mastigação dos alimentos que não eram mais ingeridos crus. Além disso, passou a haver alterações morfológicas da bacia, da cintura pélvica e da coluna, acompanhadas pelo aumento progressivo do cérebro e do crânio, resultando no desenvolvimento do raciocínio e da criatividade. “Todo esse processo fez com que a laringe do ser humano fosse obrigada a descer, por todos esses processos de remodelamento do crânio, permitindo o desenvolvimento da fala articulada”, complementou o neurocirurgião.

Coluna e dor nas costas

A dor nas costas, de acordo com o especialista, é uma das principais causas de dor crônica no País e é necessário um cuidado redobrado para preservar a estrutura da coluna – que pode se degenerar por uma série de fatores, como genética, idade, hábitos de vida, obesidade, tabagismo, sedentarismo e má postura, entre outros.

“A degeneração discal é inevitável, faz parte do envelhecimento natural. O estudo do equilíbrio sagital da coluna permite pré-determinar a possível evolução de uma coluna humana e programar possíveis planos de tratamento precoce para se evitar ou, pelo menos, retardar certa evolução degenerativa”, explicou.

O médico também abordou outras questões relacionadas ao equilíbrio sagital global: “Deve haver congruência entre parâmetros pélvicos e espinhais para se atingir postura econômica fisiológica. O estudo do equilíbrio sagital da coluna permite entender como cada pessoa está reagindo ao envelhecimento para ajudar a mantê-la de pé”.

Ao final da apresentação, o presidente da AMSP agradeceu a palestra do neurocirurgião, salientando que contribuiu para sanar as dúvidas sobre o tema. “Muito obrigado pela sua brilhante presença, pela sua apresentação e pela sua juventude, que é muito importante aqui neste nosso meio.

Texto: Comunicação – Associação Paulista de Medicina (Adaptado)

Fotos: Academia de Medicina de São Paulo – Direitos Autorais Reservados