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Do final do século XIX em São Paulo

17.08.2022 |

1. INTRODUÇÃO

Em 1890, a cidade de São Paulo possuía 64.934 habitantes, número bastante significativo se comparado aos 23.700 apontados no primeiro senso demográfico, de 1873. Dos tempos da criação da Faculdade de Direito do Largo São Francisco (1828), depois a construção de ferrovias e a chegada dos imigrantes, surgia no final do século XIX a capital dos fazendeiros, centro dinâmico do Estado, já considerado o mais forte do Brasil. Seu crescimento demográfico era excepcional e já contava com cerca de 150.000 habitantes em 1895!

Não há dúvida de que a existência em chão paulista da Faculdade de Direito atraiu muitos estudantes de outras partes do Brasil, cujos alunos, indômitos e ávidos pelo saber, contribuíram muito para o crescimento da vida cultural da época, assim como da imprensa e dos movimentos políticos. Em 1875, nascia o jornal A Província de São Paulo, futuro O Estado de S. Paulo, inteiramente concebido por ex-estudantes de Direito, assumidos propagandistas da campanha pela República. Em 1884/1885, entrava em A Província Júlio Mesquita, redator, um porta-voz dos mais argutos do movimento republicano. Tinham ainda os jornais A Opinião, de Jayme Pinto Serva, Valdomiro Silveira e Ermelindo Leão, O Comércio de São Paulo e Correio Paulistano (1831).

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Fachada do jornal A Província de São Paulo
Fonte: Disponível em: <https://www.america.org.br/templates/images/jpg/a_provincia_de_sp.jpg>.Acesso em: 24 de agosto de 2012.

Porém, ainda não havia uma agremiação médica, bem como faltava uma escola de Medicina. Salvo os jornais, que eram veículos importantes nos debates médicos em torno dos avanços e das pesquisas (principalmente as epidemias), não havia um locus para se tratar das questões profissionais e científicas. Mesmo assim, a cidade se tornava paulatinamente importante em questões de saúde pública, a ponto de médicos instalados em outros Estados se mudarem para São Paulo.

2. OS MÉDICOS

No início da segunda metade do século XIX, o número de médicos da Província de São Paulo ainda era diminuto, mas a demanda por atendimento aumentava, por causa das zonas inexploradas e dos “terrenos desconhecidos”, habitados por silvícolas.

Era necessário acudir, se não fisicamente, ao menos com ensinamentos práticos, aos fazendeiros, na sua grande maioria plantadores de café.

Almanach litterario de São Paulo, para o anno 1879, publicado por José Maria Lisboa, Typ. Da Provincia, trazia o Guia medico ou resumo de indicações practicas para servir aos srs. Fazendeiros na falta de profissionaes, de autoria de Luiz Pereira Barreto. Este preconizava o uso de remédios que os moradores de sítio e de fazenda deveriam ter em mão.

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Página de rosto do Guia Médico do Almanach Litterario, 1878
Fonte: Acervo do autor

Entre as substâncias recomendadas, estavam: alume, calomelanos, cânfora, cloral, centeio espigado, poaia, tártaro emético, sulfato de quinina etc.

Um outro aspecto interessante se deu em relação aos alienados mentais, e o posterior desenvolvimento da psiquiatria na cidade, graças ao impulso de Francisco Franco da Rocha, nascido em Amparo, interior paulista, aos 23 de agosto de 1864.

Formado em 1890, foi nomeado médico do Hospício de Alienados de São Paulo (criado em 1852) e, em 1893, diretor do mesmo estabelecimento, que ficava na Várzea do Carmo, por isso é também conhecido como Hospício da Várzea do Carmo.

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Francisco Franco da Rocha
Fonte: Disponível em: <https://www.francodarocha.sp.gov.br/novo/images/historico/drrocha.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Hospício da Várzea do Carmo
Fonte: Suplemento Cultural – julho 2011

Franco da Rocha, em 1896, reclamava, por meio de artigos publicados em O Estado de S. Paulo e no Correio Paulistano, a criação de um local apropriado para os doentes mentais. E assim, em 1896, fundou o Hospital do Juqueri, próximo à Estação do Juqueri, à margem do rio de mesmo nome, denominação provinda do tupi (yu-querê-y, “rio de espinho que dorme”).

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Complexo Hospitalar do Juqueri, fundado no final do século XIX
Fonte: Disponível em: <https://programaqualivida.blogspot.com.br/2010/01/mudanca-do-juquery.html>. Acesso em: 18 de setembro de 2012

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Complexo do Juqueri, em Franco da Rocha, São Paulo, Brasil. Campanário com o relógio circundado pelas palavras Ut cuspis sic vita defluit dum stare videtur – “Esses ponteiros, como a vida, fluem, ainda que pareçam parados”
Foto: André Bispo

O Hospital do Juqueri era modelar nas Américas, o primeiro lugar no qual foi introduzida assistência aos alienados de modo livre, com inspiração no que ocorria em Geel, “Vila dos Loucos”, interessantíssima cidadezinha da Bélgica na qual os doentes mentais viviam no meio e conviviam com a população, como forma de tratamento.

O Hospital do Juqueri continuaria a ser o polo mais desenvolvido da psiquiatria nacional por muitas outras décadas, reunindo a nata da psiquiatria paulista e brasileira, até iniciar a sua vertiginosa decadência, a partir da chegada ao Brasil do movimento antimanicomial, nos anos 1980. (O fim do Juqueri se deu em dezembro de 2005, quando o prédio central, obra arquitetônica de Ramos de Azevedo, inaugurado em 1901, ardeu em chamas, reduzindo a cinzas as escadarias, estilhaçando os vitrais em forma de mandala e queimando o centro de estudos, os prontuários com registros de casos históricos e cerca de vinte mil obras raras, outras raríssimas, que compunham o acervo da biblioteca, em cujas prateleiras, reunidos, estavam os livros da biblioteca pessoal de Francisco Franco da Rocha. Nada sobrou.)

3. OS HOSPITAIS

Quando o Hospital do Juqueri nasceu, à época já existiam vários hospitais gerais e especializados, entre eles a Santa Casa de Misericórdia (inaugurada na Chácara do Arouche, em 1884); o Lazareto da Luz (1802); Hospital dos Variolosos (1880), que se tornou Hospital de Isolamento (em 1932, passou a se chamar Hospital Emílio Ribas); o Hospital Militar da Força Pública de São Paulo (1892); o Instituto Bacteriológico (1873); o Hospital São Joaquim – Beneficência Portuguesa (1876); o Hospital Evangélico de São Paulo (1891), que se tornou Hospital Samaritano (1894); a Maternidade São Paulo (1894); a Santa Casa de Santo Amaro (1895); o Hospital Umberto Primo (aquisição do terreno em 1878 e inauguração somente em 1904); o Hospital Santa Catarina (somente inaugurado em 1906).

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Chácara dos Ingleses – antiga Santa Casa de Misericórdia
Fonte: Disponível em: <https://www.arquiamigos.org.br/info/info29/img/estudos04.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Entrada principal do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, cerca de 1900
Fonte: Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/pupo13/4089762048/>.Acesso em: 18 de setembro de 2012

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Detalhe do Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia, cerca de 1900
Fonte: Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/pupo13/4089762048/>.Foto: Carlos Pupo Acesso em: 18 de setembro de 2012

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Hospital Militar de São Paulo, cerca de 1899
Fonte: Disponível em: <https://www.arquiamigos.org.br/info/info29/img/estudos23.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012
Fonte: Disponível em: <https://www.arquiamigos.org.br/info/info29/img/estudos24.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Planta do Hospital Militar, projeto de Ramos de Azevedo, 1895
Fonte: Disponível em: <https://www.arquiamigos.org.br/info/info29/img/estudos22.jpg>. Acesso em: 28 de agosto de 2012

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Aspectos internos do Hospital Militar, projeto de Ramos de Azevedo
Fonte: Disponível em: <https://www.arquiamigos.org.br/info/info29/img/estudos25.jpg>. Acesso em: 28 de agosto de 2012

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Instituto Bacteriológico, 1896
Fonte: Disponível em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/helmintologia/imagens/Helmin15.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Hospital Samaritano, 1954
Fonte: Disponível em: <https://www.samaritano.org.br/pt-br/sobre-o-hospital/historia/PublishingImages/historia.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Vista aérea da região do Hospital Santa Catarina, 1930
Fonte: Disponível em: <https://i152.photobucket.com/albums/s165/ewaldo_album/HospitalSanta Catarina1930.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

4. OS MEDICAMENTOS

Sobre os medicamentos, data do século XVIII as primeiras boticas paulistas, mas eram as lojas de barbeiro, que existiam em maior quantidade, que faziam o comércio das drogas e dos produtos terapêuticos.

Na segunda metade do século XIX, as boticas começaram a se firmar como casas de manipulação. Nesses estabelecimentos, ao lado dos remédios, eram oferecidos sanguessugas e até frango para o caldo prescrito para as dietas. Porém, em 1885, existiam em São Paulo apenas seis boticas.

A partir do último decênio do século XIX, com a vigorosa imigração italiana, surgiram novos farmacêuticos e as casas de manipulação se multiplicaram, o que forçou o governador a promulgar, em 10 de julho de 1890, um edital que regulamentava a abertura de novos estabelecimentos e disciplinava o funcionamento dos já existentes.

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Cervo dourado, símbolo da Botica Ao Veado D’Ouro, que a família Schaumann trouxe da Alemanha. Ficava na parte externa do prédio até 1920, quando a farmácia se mudou para o outro lado da rua e a relíquia ganhou lugar de destaque nas dependências internas
Fonte: Acervo do autor

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Fachada da Botica Ao Veado D’Ouro, à direita
Fonte: Acervo do autor

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Fachada da Botica Ao Veado D’Ouro, em primeiro plano, à esquerda
Fonte: Acervo do autor

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Medicamentos da época, final do século XIX
À direita. Fonte: Disponível em: <https://revistadehistoria.com.br/uploads/docs/images/images/drogas.jpg>. Acesso em: 28 de agosto de 2012
Abaixo. Fonte: Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/imagem/HISTORIA-104-57-ED1.jpg>. Acesso em: 28 de agosto de 2012

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Página do jornal Correio Paulistano com anúncios de medicamentos, 1888
Fonte: Disponível em: <https://www.arquivoestado.sp.gov.br/upload/periodicos/jornais/CR18880515.pdf>

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Anúncios de médicos
Fonte: Acervo do autor

Algumas fórmulas magistrais de águas usadas no final do século XIX, início do XX:

Formulario Pharmacia,manuscrito de José Luiz Faggiano, circa de 1900

Agua Phagidenica

  • Calomelanos — 2,0
  • Opio em pó — 1,0
  • Agua de cál — 180,0

Agua de Labarraque

  • Chlorureto de cál secco — 1,0
  • Carbonato de sodio chrystalizado — 2,0
  • Agua distilada — 20,0

Dissolva-se o chlorureto de cál na metade da água e no resto o carbonato de sodio, mistura-se as soluções e agita-se. Decanta-se por 24 horas e lava-se o precipitado em 10 partes de água em filtro de papel, mistura-se os dois líquidos e guarda-se em vidro escuro.

Agua gazoza purgativa

  • Sulfato de magnesia — 25,0
  • Sulfato de soda — 25,0
  • Bicarbonato de potássio — 1,0
  • Chloruro de sodio — 2,0
  • Agua saturada ao gaz carbonico — 700,0
  • Tome de meio a um copo.

Agua para cabellos

  • Tintura de jaborandy — 300,0
  • Sublimado corrosivo — 5 centigramas

Agua de louro serejo

  • Agua destilada — 1000,00
  • Alcool a 40ª — 1000,00
  • Essencia de amendoas amargas — 4,0

5. O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

À medida que se aproximava o início do século XX, São Paulo, paulatinamente, diversificava a sua infraestrutura, dando margem a uma era profícua em mudanças. Surgiam novas práticas capitalistas e, com elas, o desenvolvimento. Em meados do século XIX, as primeiras vias férreas se tornaram empreendimentos economicamente viáveis. A rápida expansão das plantações de café para o interior (oeste paulista) trouxe o lucro e permitiu a criação da primeira estrada de ferro paulista, a São Paulo Railway, inaugurada em 16 de fevereiro de 1867, unindo o interior do Estado ao porto de Santos, a qual foi, em 1890, modernizada e duplicada no trecho da Serra do Mar.

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Logotipo da São Paulo Railway, extraído do anúncio do superintendente William Speers, em 1882
Fonte: Disponível em: <https://blogs.estadao.com.br/reclames-do-estadao/files/2010/07/1882.3.10-trem-ferrovia-santos-sp.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

Na capital, em 1895, iniciou-se a construção de uma importante estação brasileira, a Estação da Luz, somente inaugurada em 1º de março de 1901 e que se tornaria um marco referencial da cidade.

Entre 1867 e 1880, várias cooperativas de estrada de ferro são formadas: Cooperativa Paulista de Estrada de Ferro, Estrada de Ferro Ituana, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro São Paulo-Rio, Estrada de Ferro São Paulo-Minas. O Estado, rico, possuía trespassada rede de trilhos de aço, cortado de fora a fora por marias-fumaça, a puxar muitos vagões de carga repletos de café.

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Estação da Luz, na época de sua abertura e em 1900
Fonte: Disponível em: <https://historiadesaopaulo.files.wordpress.com/2010/12/slide015.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Fonte: Foto de Guilherme Gaensly. Disponível em: <https://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/sao-paulo/imagens/estacao-da-luz-1900a.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

A cidade, de provinciana e colonial, quase do dia para a noite, transformou-se grandemente, alterando a própria infraestrutura. As antigas chácaras que circundavam o centro são loteadas, dando lugar a bairros residenciais: Santa Ifigênia (1876); Higienópolis e Avenida Paulista (entre 1890-1895); Campos Elíseos (1879), proveniente da divisão da chácara Nothman. Para alcançar este último, era preciso atravessar o Viaduto do Chá, construído em 1892, por Jules Martin, sobre a chácara da Baronesa de Itapetininga, erigido com 500 toneladas de ferro.

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Bairro Santa Ifigênia, final do século XIX
Fonte: Disponível em: <https://www.comprasnasantaifigenia.com.br/imagens/santaifigenia1.jpg>. Acesso em: 24 de agosto de 2012

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Casa de D. Veridiana da Silva Prado, cerca de 1884
Fonte: Disponível em: <https://www.arquiamigos.org.br/info/info16/img/estudos52.jpg>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

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Rua D. Veridiana, na última década do século XIX
Fonte: Acervo do autor

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Rua Itambé, por volta de 1894
Fonte: Acervo do autor

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Avenida Higienópolis recém-aberta
Fonte: Acervo do autor

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Vista do distrito de Santa Cecília, Vila Buarque, final do século XIX
Fonte: Acervo do autor

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Abertura da Rua Itatiaia (atual Avenida Angélica), 1898
Fonte: Acervo do autor

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Convite da inauguração do Viaduto do Chá, 1892
Fonte: Acervo do autor

6. ARTESÃOS E ARTISTAS

No final do século XIX, o lucro obtido com os negócios gerados pela atividade cafeeira fez com que muitos cafeicultores diversificassem as atividades. O programa de imigração, subvencionado, supria a necessidade de mão de obra em substituição aos escravos. Com a riqueza promovida pelo café, as atividades comerciais, o lazer, a necessidade de novas habitações, a vinda de artesãos e mestres de obras, engenheiros e arquitetos europeus e a facilidade de importação de materiais edificaram, em larga escala, residências e casarões, com telhas francesas, mármores, madeiras e elementos decorativos de ferro fundido, que deram a São Paulo toda a face de sua incipiente grandiosidade.

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Casarão da Av. Paulista, 1935, onde hoje funciona a Casa das Rosas
Fonte: Disponível em: <https://imgms.viajeaqui.abril.com.br/7/foto-galeria-materia-620-5x.jpeg>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

Em 1873, foi criado o Liceu de Artes e Ofícios por um grupo de aristocratas pertencentes à elite cafeeira nacional. Não se pretendia, no início, promover a educação cultural, mas, sete anos depois, transformou-se em uma efetiva escola de arte, na qual se ensinava o trabalho com o gesso, a marcenaria, o desenho, entre outros. (Em 1890, assumiu a sua presidência o grande arquiteto Francisco Paula Ramos de Azevedo.)

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Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios
Fonte: Acervo do autor

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Liceu de Artes e Ofícios
Fonte: Disponível em: <https://novosite.liceuescola.com.br/sites/default/files/arquivos/imagens/fotos_imagens/017.jpg>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

O ensino artístico também era promovido nos próprios ateliês dos pintores, que tinham vários discípulos e aprendizes, aos quais ensinavam a técnica da imprimadura da tela, o uso das cores, o desenho e a confecção de tintas.

Almeida Júnior
Fonte: Disponível em: <https://1.bp.blogspot.com/-xtTJ0Z8MRT8/TxdpXUwyiII/AAAAAAAABm8/rlTdk0MCVgM/s1600/3223029619_6fc18cd29d_z.jpg>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

Pedro Alexandrino
Fonte: Disponível em: <https://www.pinturasemtela.com.br/wp-content/uploads/2011/07/pedro-alexandrino-borges-pintor-e-desenhista-brasileiro.jpg>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

Organizavam-se mostras e exposições. Entre os nomes importantes da época, estão Almeida Júnior (1850-1889), Pedro Alexandrino (1856-1942), Oscar Pereira da Silva (1867-1939), Benedito Calixto (1853-1927) e Castagneto (1851-1900), que, em 1895, expôs no Banco União de São Paulo. Nas obras desses artistas, predominam as paisagens e as naturezas mortas, pois esses temas acabaram se firmando como gênero no decorrer do século XIX, enquanto as cenas das batalhas decaíam no gosto do público. São, na maioria, pinturas en plein air, imagens tão fidedignas quanto possível.

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Benedito Calixto
Fonte: Acervo do autor

Oscar Pereira da Silva
Fonte: Disponível em: <https://bolsadearte.com/artistas/perfil/id/105/>. Acesso em: 21 de setembro de 2012

Castagneto
Fonte: Disponível em: <https://bolsadearte.com/artistas/perfil/id/35/>. Acesso em: 21 de setembro de 2012

Interessante notar que os artistas plásticos do final do século XIX pintaram quadros que são verdadeiros documentos iconográficos da cidade, muitas vezes a chamar a atenção para os graves problemas urbanos, como a tela de Benedito Calixto, Inundação da Várzea do Carmo, de 1892, com detalhes e pormenores do problema crônico do transbordamento do rio Tietê, que até hoje assola a antes cidade em desenvolvimento e agora megalópole, São Paulo.

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Tela de Benedito Calixto – Inundação da Várzea do Carmo
Fonte: Disponível em: <https://www.novomilenio.inf.br/santos/calixt28.htm>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

O movimento modernista ainda não existia, mas os seus próceres já tinham nascido: Tarsila do Amaral, 1886, Anita Malfatti, 1889, Victor Brecheret, 1894, os quais iniciariam, com outros artistas, como músicos e escritores, verdadeira revolução nas artes brasileiras, a culminar com a importante Semana de Arte Moderna, em 1922.

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Tarsila do Amaral (à dir. na foto), cerca de 1900
Fonte: Disponível em: <https://vmulher5.vila.to/interacao/original/30/os-romances-de-tarsila-do-amaral-2-30-410.jpg>. Acesso em: 27 de agosto de 2012

7. A PRIMEIRA ENTIDADE MÉDICA PAULISTA

O certo é que no final do século XIX, São Paulo não era mais uma cidade tímida e acanhada, mas uma próspera capital em franco e rápido desenvolvimento.

Nesse clima ascendente, em 7 de março de 1895, nasceu a primeira entidade médica paulista*, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, que se tornaria Academia de Medicina de São Paulo, em 1954, ano do quarto centenário da cidade.

Sua criação está intimamente relacionada ao virtuosismo de seu criador, o grande vate da Medicina de então, Luiz Pereira Barreto, de vida laboriosa e fecunda, um positivista de grandeza.

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Planta do centro de São Paulo (1881)
Fonte: Disponível em: https://www.arquiamigos.org.br/info/info20/img/1881-download.jpg. Acesso em: 5 de setembro de 2012

* É preciso registrar que em 7 de setembro de 1888 foi criada a Sociedade Médico-Cirúrgica de São Paulo, presidida por Antonio Pinheiro de Ulhôa Cintra, o Barão de Jaraguá. Instalada no edifício da Faculdade de Direito, praticamente não teve vida ativa, sendo oficialmente dissolvida antes de completar três anos, em 1891.