Álvaro Dino de Almeida

Álvaro Dino de Almeida, mais conhecido por Dino de Almeida, nasceu em 26 de setembro de 1916, em Ribeirão Pires (SP). Era filho de Júlio Dino de Almeida, um militar irrepreensível, e de Maria Marcolino de Almeida. 

Graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1940. Dedicou-se à carreira universitária, sendo discípulo de Edmundo Vasconcelos , assim como outros ilustres mestres da cirurgia brasileira, tais como Ruy Escorel Ferreira dos Santos, José Finocchiaro, Silvio Alves de Barros, Silvano Raia, William Saad Hossne , dentre outros. 

Álvaro Dino de Almeida adquiriu grande habilidade cirúrgica. Com a fundação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, em 1963, tornou-se professor dessa escola, idealizando e estruturando a disciplina de técnica cirúrgica ministrada em laboratório próprio, com pessoal especializado, que ele próprio preparou e treinou. 

Na condição de chefe de disciplina, com austeridade e visão de longo alcance, formou uma escola de cirurgiões que se distinguiram não somente pela habilidade operatória, capacidade de ensino, criatividade, mas também pela abrangência de conhecimentos científicos. 

Foi também um marco histórico no entrosamento das disciplinas operatórias, bem como na unificação de condutas cirúrgicas na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Antes de sua presença, as enfermarias de cirurgia encontravam-se separadas. Cada qual vivia sob orientação própria, operando segundo formação que provinha de diversas escolas, reunindo diferentes formas de tratar as mesmas doenças. A chegada do professor Dino de Almeida não somente deu início à padronização de técnicas das diversas cirurgias, como também estabeleceu atribuições definidas a cada componente da equipe cirúrgica, embasadas numa mentalidade de rigor disciplinar, cuja finalidade visava a obtenção de melhores resultados no tratamento cirúrgico do paciente. 

Álvaro Dino de Almeida foi um luminar que pertenceu a uma insigne estirpe de cirurgiões, à qual se equiparou e honrou. Ingressou como membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 25 de novembro de 1950, e também foi membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.  

Escreveu as seguintes obras: O Tratamento Cirúrgico da Hipertensão do Sistema Porta por Anastomose Venosa Direta (1948 – 261 páginas); Contribuição para o Estudo da Anastomose Espleno-Renal com Especial Atenção à Via de Acesso (1951 – 243 páginas); Laparotomias (2004 – 4a edição) e o livro de poesias Riscos no Espaço (1976 – 47 páginas). 

De acordo com Arildo de Toledo Viana, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões – que lhe dedicou um necrológio – ele foi “figura portentosa de homem integral, conquistando de todos o respeito pela magnitude e profundidade de sua cultura humanística; pela objetividade retilínea e claro raciocínio em suas deduções e conclusões, sempre respaldadas por seguras pesquisas bibliográficas e experimentais”. 

“Suas grandes mãos possuíam a destreza da arte que, para curar, exige o trauma e impõe a dor. Fazê-lo com a maior dignidade e respeito, requer sempre uma perfeita coordenação psiconeuromotora, da qual o mestre foi paradigma insuperável”. 

“Em sua faina diária, um verdadeiro manancial de conhecimentos era distribuído com prodigalidade: seja nas visitas junto ao leito dos doentes; nas reuniões, emitindo seus diagnósticos sobre convictas bases fisiopatológicas; nas aulas – verdadeiramente magistrais – e, sobretudo, sob o foco da lâmpada cirúrgica que ilumina o campo operatório, mas que não consegue orientar as mãos dos que não têm a luz interior da sapiência. (…) A cirurgia da Santa Casa de São Paulo viveu dois períodos distintos: antes e depois de Dino de Almeida”. 

Álvaro Dino de Almeida faleceu em 22 de junho de 1983, aos 66 anos. Seu nome é honrado como patrono da cadeira no 18 da augusta Academia de Medicina de São Paulo. Além disso, dá nome à Unidade de Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental (Utece) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; ao Pronto-Socorro Municipal de Barra Funda, na capital paulista, assim como ao Centro de Saúde III, no bairro de Ouro Fino Paulista, no município de Ribeirão Pires, através da lei estadual no 4.267, de 21 de setembro de 1984.

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Edmundo Vasconcelos é o patrono da cadeira no 47 da Academia de Medicina de São Paulo. 

William Saad Hossne é membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo.