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Biografia

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho nasceu na cidade de São Paulo, em 24 de março de 1864. Era oriundo de tradicional e ilustre família paulista, tendo por pai Américo Brasiliense de Almeida Mello e, por mãe, Marcellina Lopes Chaves de Mello. Teve sete irmãos: Alice, Eponina, Zuleika, Rute, Francisco, Perciano e Lourival.

Graduou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1889, e exerceu atividade clínica por algum tempo na então capital federal. Regressou, em 1892, à cidade de São Paulo, tendo se distinguido como um dos mais conceituados clínicos.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho se destacou por suas elevadas qualidades morais e intelectuais. Filho de um dos mais notáveis chefes republicanos da antiga província de São Paulo, manteve-se coerente com suas convicções políticas, pois foi sempre monarquista intransigente, jamais tendo renunciado a sua crença nas antigas instituições do País. Serviu fielmente ao Partido Conservador, ocupando cargos de confiança no tempo do Império. Após a proclamação da República, afastou-se inteiramente de qualquer atividade política, dedicando-se exclusivamente ao exercício de sua profissão.

Foi um dos fundadores, em 12 de outubro de 1898, da Faculdade de Farmácia e Odontologia de São Paulo, da qual foi por mais de trinta anos professor catedrático de matéria médica e terapêutica, ombreando-se com outros ilustres lentes dessa instituição de ensino. Aí, de forma interina, lecionou outras matérias e tornou-se vice-diretor por dez anos, tendo recusado a diretoria, embora a tivesse exercido por mais de uma vez, também em caráter interino.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho (Figura 2) prestou relevantes trabalhos ao Serviço Sanitário do Estado como inspetor em comissão, tendo sido auxiliar de confiança do notável higienista Emílio Ribas, de quem foi secretário médico. Outrossim, exerceu cargos temporários de assistente do Instituto Bacteriológico e do Hospital de Isolamento. Por sua vez, recusou o cargo de assistente do Instituto Butantã, adrede criado para ele, o qual visava aproveitar sua capacidade.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho. Foto publicada no Jornal do
Commercio (RJ), em 9 de abril de 1942.

A partir de 1903 desempenhou a chefia de clínica do Asilo de Inválidos, desde quando estava instalado na Rua da Glória até a transferência para a Chácara Jaçanã. Prestou, por mais de trinta anos, excelentes serviços à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, galgando, nos últimos tempos, a condição de membro da Mesa Administrativa, função que exerceu até 1941.

Em retribuição aos seus préstimos foi-lhe conferido o título de “Irmão Protetor”, a mais alta dignidade dessa instituição.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho foi membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. Nesse sodalício atuou em diversos cargos da diretoria, assim como teve participação na comissão organizadora do I Congresso Médico Paulista5
, presidida por Arnaldo Vieira de Carvalho, tendo como demais membros: Affonso Regulo de Oliveira Fausto, Francisco Franco da Rocha, Sylvio Azambuja de Oliva Maia, Vital Brazil, José Ayres Netto, Alsino Braga e Xavier da Silveira. Ademais, num período de lutas internas, seu nome foi indicado como candidato de conciliação para comandar os destinos da entidade. Foi aceito por ambas as facções, o que lhe resultou no título de “Pacificador da Classe Médica”. Teve a honra de ser o 26º presidente do sodalício, exercendo seu mandato anual entre 1924-192511. Desempenhou sua difícil missão com esmerada diplomacia.

Dentre outras entidades de que participou em suas respectivas diretorias salientam-se o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e a Sociedade de Medicina Legal e Criminologia, da qual foi por muito tempo vice-presidente. Durante mais de 30 anos, ao lado de Clemente Ferreira12, serviu à Liga Paulista Contra a Tuberculose, onde ocupou diversos cargos na diretoria, inclusive o de vice-presidente, que o levou a dirigir longamente essa instituição. Prestou também serviços durante cerca de 50 anos à Real e Benemérita Sociedade de Beneficência Portuguesa, galgando a condição de diretor clínico e presidente na Sociedade dos Médicos. Nesse nosocômio recebeu o título de “Diretor Clínico Honorário” e sócio Cruz de Honra, a mais alta distinção honorífica. Durante a pandemia de gripe espanhola de 1918, enquanto chefe de clínica médica do Hospital São Joaquim dessa instituição, pôde prestar grandes socorros aos doentes que se apinhavam nas dependências do hospital, uma vez que só ele, dos médicos da casa, não adoecera.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho foi uma das figuras mais conhecidas da classe médica paulista, destacando-se pela nobreza de seu caráter e pela austeridade de sua vida. Tinha inteligência lúcida; aprimorada cultura médica e geral e era possuidor de grande prática hospitalar. Foi protagonista de acendrada ética profissional; portador de cativante bondade e extrema simpatia, qualidades que o tornaram não somente um dos mais eminentes e acatados médicos de São Paulo, mas também um dos mais ilustres cidadãos de seu tempo.

Foi, durante muitos anos, colaborador da Gazeta Clínica, o mais antigo e prestigioso periódico médico de São Paulo.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho foi casado com Francisca de Souza Rezende, filha do barão de Rezende. Faleceu na cidade de São Paulo, em 8 de abril de 1942, às vésperas de completar 78 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério da Ordem Terceira do Carmo. Seu nome é honrado como patrono da cadeira nº 100 da augusta Academia de Medicina de São Paulo, assim como dá nome a uma rua no bairro de Santo Amaro, na capital paulista.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

As fotos e parte dos dados aqui consignados foram gentilmente fornecidas pelo sr. Maurílio José Ribeiro, da Seção de Denominação de Logradouros do Arquivo Histórico Municipal da Prefeitura de São Paulo.

A foto em epígrafe foi publicada no jornal A Gazeta, em 8 de abril de 1942.

Américo Brasiliense de Almeida Mello nasceu em Sorocaba (SP), em 8 de agosto de 1833. Graduou-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1855, onde também foi lente. Destacou-se como político, jurisconsulto, abolicionista, republicano e escritor brasileiro. Foi um dos fundadores da Loja América, organização similar à Maçonaria. Ocupou diversos cargos públicos no País, sendo presidente das províncias da Paraíba e do Rio de Janeiro. Em São Paulo foi vereador (1881-1882) e deputado provincial (1868-1889). Foi nomeado o terceiro governador de São Paulo e o primeiro a ser eleito pelo voto popular, exercendo o cargo de 7 de março a 11 de junho de 1891. Continuou no poder como primeiro presidente do estado em decorrência da Constituição de 1891, que estabeleceu o título de presidente para o chefe do Executivo, presidindo-o de 11 a 13 de junho e de 16 de junho a 15 de dezembro de 1891, sendo substituído nas datas intermediárias por Cerqueira César. Enfrentou um período de grandes conturbações em São Paulo e deixou o cargo antes de completar o mandato.

Coube a Américo Brasiliense de Almeida Mello promulgar a primeira Constituição do estado, além de elaborar o primeiro projeto da Constituição federal, em 1891. Faleceu na cidade Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 25 de março de 1896, quando ocupava o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal. É homenageado no município de Américo Brasiliense (SP), além de dar nome a uma escola estadual na cidade de Santo André (SP) e a ruas nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Campinas, São Bernardo do Campo e Maringá (PR).

Marcellina Lopes Chaves de Mello era irmã de Francisco Lopes Chaves, segundo barão de Santa Branca; de Licínio Lopes Chaves, segundo barão de Jacarehy; do dr. Joaquim Lopes Chaves, senador federal; e filha do primeiro barão de Santa Branca.

Emílio Marcondes Ribas é o patrono da cadeira nº 56 da Academia de Medicina de São Paulo.

O I Congresso Médico Paulista foi realizado na cidade de São Paulo, de 4 a 9 de dezembro de 1916. Apresentou como temas oficiais as principais endemias e epidemias presentes em terras paulistas: tuberculose, lepra, disenteria, febre tifoide e ancilostomose. Os temas da cirurgia e os diversos aspectos da higiene urbana também estiveram presentes. O I Congresso Médico Paulista contou com a participação de médicos, veterinários, dentistas, parteiras, farmacêuticos e engenheiros oriundos de várias regiões do País. Junto ao evento foi realizada uma Exposição de Higiene, na qual foram apresentados produtos farmacêuticos, químicos e alimentícios.

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu sétimo presidente, exercendo dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906-1907, e é o patrono da cadeira nº 11 desse sodalício.

Affonso Regulo de Oliveira Fausto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1916-1917, e é o patrono da cadeira nº 67 desse sodalício.

Sylvio Azambuja de Oliva Maia foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1908-1909.

Vital Brazil Mineiro da Campanha é o patrono da cadeira nº 62 da Academia de Medicina de São
Paulo.

José Ayres Netto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1919-1920 e 1934-1935, e é o patrono da cadeira nº 105 desse sodalício.

Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho foi membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante 47 anos!

Clemente Miguel da Cunha Ferreira é o patrono da cadeira nº 24 da Academia de Medicina de São Paulo.