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Biografia

Antonio Bernardes de Oliveira

Antônio Bernardes de Oliveira nasceu no dia 3 de fevereiro de 1901, na capital paulista. Era filho de José Bernardes de Oliveira e de América Bernardes de Oliveira.

Graduou-se, em 1925, pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Dedicou-se à cirurgia e à carreira universitária, tornando-se professor livre docente de clínica cirúrgica da FMUSP. Concernente a essa tradicional instituição de ensino, escreveu um belo artigo sobre seu brasão, idealizado pelo professor Guilherme Bastos Milward (1878-1932).

Ingressou como membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 1º de março de 1935, permanecendo nesse sodalício por 46 anos!

Antonio Bernardes de Oliveira era grande didata, empreendedor e humanista, tendo atuado no Sanatório Esperança de 1928 a 1951. Em 1952, transferiu-se para a Escola Paulista de Medicina (EPM), hoje, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde, juntamente com os catedráticos Alípio Corrêa Netto e José Maria de Freitas fundaram, em 1953, o Departamento de Cirurgia, que agrupou as seguintes disciplinas: cirurgia vascular, cirurgia torácica, gastroenterologia cirúrgica, técnica operatória, neurocirurgia e ortopedia.

Antônio Bernardes de Oliveira foi o responsável pela criação da disciplina de gastroenterologia cirúrgica, em 1953, da qual foi o primeiro chefe. Entre seus primeiros assistentes destacaram-se: Plínio Monteiro Garcia, Edson de Oliveira, Álvaro de Oliveira Penna, David Rosemberg e Romeu Santoro.

Publicou 89 trabalhos científicos em revistas especializadas, dos quais três em forma de livro, além de 47 artigos de cultura geral em jornais e revistas de outra natureza.

Antônio Bernardes de Oliveira gostava de se vestir bem e era dotado de grande cultura. Possuía uma invejável biblioteca que era importante fonte de consultas para pesquisas da época. Era cultor da técnica cirúrgica esmerada e elegante, recomendando que esse mister fosse exercido como arte e não como ofício. Tornou-se ilustre cirurgião paulista e o quarto chefe do Departamento de Cirurgia da EPM, exercendo seu mandato de 1964 a 1967 (Figura 2).

Antônio Bernardes de Oliveira foi casado com Stella de Oliveira. Além de médico tornou-se um grande intelectual, destacando-se como escritor e historiador. Falava e escrevia no seu vernáculo de forma irretocável. Pertenceu à Sociedade Brasileira de Escritores Médicos (Sbem), tornando-se o quarto presidente (1978-1979) da extinta regional paulista.

É de sua lavra a obra A Evolução da Medicina até o Início do Século XX (1981, 434 páginas). Esse livro foi publicado em convênio com a Secretaria de Estado da Cultura e se divide em seis partes: 1. Antiguidade. 2. Idade Média. 3. Século XVI. 4. Século XVII. 5. Século XVIII e 6. Final do Século XVIII ao Início do Século XX.

A finalidade desse livro foi assim expressa pelo autor em sua apresentação: “despertar o gosto pela medicina entre os estudantes e médicos e trazer uma modesta contribuição para a cultura geral”. João de Scantimburgo, jornalista e membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Letras, assim consignou em seu prefacio: “é obra definitiva, obra que ganharia o prazer da leitura, a honra da consulta e a perenidade das estantes, por fixar em páginas indeléveis a imensa e bela aventura humana da luta contra a dor e a morte, essas duas companheiras que nos seguem, através do tempo, como duas inseparáveis e perpétuas sombras”.

Antônio Bernardes de Oliveira faleceu em 16 de junho de 1981, aos 80 anos. É honrado como patrono da cadeira nº 109 da augusta Academia de Medicina de São Paulo. Na capital paulista dá nome à Unidade Básica de Saúde II da Vila Prel – Distrito de Jardim São Luís; a uma rua no bairro Jardim Nambá e a uma escola estadual no bairro Jardim São Joaquim.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Foi identificado nessa pesquisa que houve um Antônio Bernardes de Oliveira que foi presidente do Sindicato dos Médicos de Campinas, em 1932, e presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas de 1934-1935. Tentativas de contatos com essas instituições mostraram-se infrutíferas. Não foi possível apurar se é a mesma pessoa ou se são homônimos, o que, naquela época, seria menos provável.

O Sanatório Esperança, atual Hospital Infantil Menino Jesus, localizado na Rua dos Ingleses, no bairro da Bela Vista, na capital paulista, começou sua história no início da década de 1930, com um grupo liderado por Antônio Bernardes de Oliveira. O prédio – tombado pelo Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo –, à época, podia ser visto de longe. Após sérias dificuldades financeiras o hospital foi municipalizado nos anos de 1950, passando a atender crianças de até 12 anos. Em 1956 passou a se chamar Hospital Infantil Esperança e, em 1960, seu nome mudou para Hospital Infantil Menino Jesus.

Alípio Corrêa Netto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1947-1948 e é o patrono da cadeira nº 12 desse sodalício.

A Sociedade Brasileira de Escritores Médicos (Sbem) foi fundada em 23 de abril de 1965 por Eurico Branco Ribeiro (1902-1978), na cidade de São Paulo, precisamente nas dependências da Associação Paulista de Medicina. Eurico Branco Ribeiro era natural de Guarapuava (PR), mas radicado na cidade de São Paulo, onde se graduou, em 1927, pela Faculdade de Medicina de São Paulo. Exímio cirurgião ambidestro; grande intelectual e escritor, presidiu dentre outras entidades a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1954-1955, sendo também honrado como patrono da cadeira nº 114 desse sodalício.

Nos anos de 1970, a Sbem, que já estava representada em diversos estados (Bahia, Guanabara, Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Maranhão, Alagoas e Piauí), começou a cogitar a mudança do nome da entidade, uma vez que a maioria de seus membros entendia que era prioritariamente médica e não escritora. Através de Assembleia Extraordinária adrede convocada e realizada em 27 de setembro de 1979, na cidade de Belo Horizonte (MG), o nome da entidade foi mudado para Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, consagrando-se, em novembro de 1981, com a sigla Sobrames. Os membros da regional paulista da Sbem, que fora fundada em 28 de dezembro de 1971, não acataram e não respeitaram a decisão democrática de seus confrades de outros estados, segregando-se das demais regionais. A Sbem de São Paulo caminhou sozinha por pouco tempo e, não fazendo questão de ter quaisquer vínculos com a Sobrames – legítima continuadora da Sbem –, estiolou-se e desapareceu.

Nove anos após a histórica Assembleia Extraordinária de 1979, precisamente em 16 de setembro de 1988, por atuação de confrades cariocas, foi fundada a regional paulista da Sobrames, constando dentre seus membros fundadores: Helio Begliomini, Flerts Nebó e Luiz Jorge Ferreira.

Data obtida no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.