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Biografia

Antonio Luisi

Antonio Luisi nasceu em 1924, em Canosa di Puglia – Itália. Emigrou, aos dois anos de idade, com sua mãe e sua irmã gêmea para encontrar o pai, que já estava em solo brasileiro. Foi office boy, ajudante de eletricista e teve vários outros ofícios.

Estudou na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro. Diplomou-se, em 1949, e assumiu o cargo de assistente de neuropatologia; em 1951, o cargo de chefe de laboratório e assistente da cadeira de anatomia patológica da Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de janeiro, a convite do professor Francisco Fialho.

Durante um baile, na Casa do Estudante do Rio de Janeiro, conheceu o seu grande amor, Moerys, em 1947, por quem foi apaixonado durante toda a vida e tiveram três filhos: Marcus Vinicius, Flavio Augusto e Liz Verônica.

Em 1952 voltou a São Paulo e assumiu o cargo de anatomopatologista da Casa Maternal e da Infância “Dona Leonor Mendes de Barros”, onde trabalhou até 1990. Aí fez diversos trabalhos com os professores Domingos Delascio, Bussamara Neme e Eduardo Passos, principalmente relacionados com a patologia tocoginecológica e perinatal. Realizou milhares de biópsias e mais de 5.000 necropsias, além de colaborar
na formação de diversos especialistas.

Antonio Luisi foi anatomopatologista do Hospital Central do Juqueri, na cidade de Franco da Roch (SP) – notável centro de neuropsiquiatria – onde realizou diversos estudos e centenas de necropsias, junto ao professor Walter Edgard Maffei, de 1952 a 1957.

A convite do professor Antonio Prudente, assumiu o cargo de titular do Serviço de Anatomia Patológica do Hospital A. C. Camargo, em São Paulo, desde a sua fundação, em 1953, até a sua aposentadoria, em 1993. A partir de 1957 assumiu a chefia desse serviço.

Foi também anatomopatologista da Associação Maternidade de São Paulo, de 1955 a 1990.

Em 1969 voltou à lide universitária como auxiliar de ensino da cadeira de anatomia patológica da Escola Paulista de Medicina (EPM) e, em 1971, após concurso, tornou-se professor adjunto.

Apaixonado pelo ensino, depois de aposentar-se na EPM, assumiu o cargo de professor de anatomia patológica na Faculdade de Medicina de Mogi das Cruzes, onde lecionou até os 80 anos de idade.

Antonio Luisi era membro da Organização Mundial da Saúde, onde se tornou o responsável pelo Centro Cooperativo para Estudo Histológico e Classificação dos Tumores de Ovário.

Recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Prêmio Alvarenga da Academia Nacional de Medicina, com o trabalho “Membrana Pulmonar Hialina de RecémNascido” (Rio de Janeiro, 1957).

Obteve pela Associação Médica Brasileira o título de especialista em patologia, em 1963, e o título de especialista em cancerologia, em 1969. Foi sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Patologia, Associação Paulista de Medicina, Associação Médica Brasileira, Sociedade Latino-Americana de Anatomia Patológica; fundador da Sociedade Brasileira de Nefrologia e da Word Association of Gynecologic Cancer Prevention (1964). Ingressou como membro titular da Academia de Medicina de São Paulo, em 25 de abril de 1967.

Com um grande número de publicações, autópsias, conferências em diversos países, esteve na Rússia, a convite daquele governo, em plena Guerra Fria, em 1967, para transmitir as técnicas de diagnóstico em anatomia patológica.

Aos 78 anos defendeu seu mestrado, o qual foi transformado numa grande homenagem, além de um exemplo ímpar para uma infinidade de pessoas. O auditório da Escola Paulista de Medicina tinha de estudantes a vizinhos; de funcionários a professores titulares. Quebrando todos os protocolos acadêmicos, a banca, que deveria ser de três pessoas, foi composta por seis professores ilustres; durou toda uma manhã e ninguém deixou a sala.

Antonio Luisi foi professor universitário por décadas; formou gerações e mais gerações de médicos. Faleceu em São Paulo, no dia 15 de maio de 2009, aos 84 anos.

Filho de um anarquista foi sempre um pacifista. Um liberal por natureza.

Ensinou aos mais jovens a autonomia e o amor pelos seres humanos, pautados no respeito incondicional, no humanismo e na sensibilidade.

Um homem pela verdade; pela retidão absoluta de caráter; pela generosidade de alma; pela inteligência e disciplina; pela pesquisa e pela imensa humanidade.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria de Flávio Augusto Vercillo Luisi, Médico pediatra e filho do homenageado.

Biografia solicitada pelo acadêmico Clóvis Francisco Constantino, segundo ocupante da cadeira nº 12.

Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Domingos Delascio é o patrono da cadeira nº 57 da Academia de Medicina de São Paulo.

Walter Edgard Maffei é o patrono da cadeira nº 98 da Academia de Medicina de São Paulo.

Antônio Cândido de Camargo presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1915-1916, e é o patrono da cadeira nº 66 desse sodalício.

Antonio Luisi permaneceu nesse sodalício por 42 anos (!), galgando a condição de membro emérito.