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Biografia

Arthur Vieira de Mendonça

Arthur Vieira de Mendonça, mais conhecido por Arthur de Mendonça, era natural de Minas Gerais. Foi nomeado por Arnaldo Vieira de Carvalho chefe de 2ª Enfermaria de Homens da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, cargo que conservou até o fim de seus dias. 

Foi também o fundador, juntamente com Victor Godinho, da “Revista Médica de São Paulo”. Além de Arnaldo Vieira de Carvalho era contemporâneo de Affonso Régulo de Oliveira Fausto , Luiz Gonzaga de Amarante Cruz, Diogo de Faria, tendo com eles bom relacionamento hospitalar.   

Na enfermaria, examinava cuidadosamente os doentes com a preocupação, entretanto, das pesquisas microscópicas. Era cercado do afeto de seus assistentes que o admiravam pela rara envergadura de sua conduta médica. 

Arthur de Mendonça exerceu pouca atividade clínica. Trabalhou também no Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo, onde pesquisou sobre a varíola, sendo um dos primeiros assistentes de Adolpho Lutz. 

Médicos do corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 26 de novembro de 1903. Identificação dos nomes da esquerda para a direita. 

Na primeira fila, sentados: João Sodine, Delfim Cintra, Affonso Régulo de Oliveira Fausto, Arnaldo Vieira de Carvalho, comendador Nuno de Andrade, Luiz Gonzaga de Amarante Cruz , João Alves de Lima e José Pires Neto. 

Na segunda fila: Alcino Braga, Marino Freire, José Egídio de Carvalho, Arthur Mendonça, comendador Alberto de Souza, mordomo do Hospital Central; Macedo de Castro, Aristides Seabra, Francisco Queiroz Matoso e João Fairbanks. 

Na terceira fila: Luiz do Rego; médico visitante italiano, Azurem Furtado, Roberto Gomes Caldas, Euzébio de Queiroz Matoso, Olegário de Moura , Arthur Fajado, Corte Real, Diogo de Faria e Valmor de Souza. 

Foi um dos primeiros médicos que estabeleceu, em São Paulo, um laboratório de análises químicas e microscópicas, numa época em que começaram a aparecer, como elemento de diagnóstico, as pesquisas laboratoriais. Era, então, tudo rudimentar e as indagações que se faziam muito restritas, limitando-se a exame de urina; procura dos bacilos nos escarros, nas secreções do nariz e na faringe; hematozoários no sangue e ovos nas fezes. 

Da esquerda para a direita: Martins Bonilha de Toledo, Vital Brazil e Arthur Vieira de Mendonça no Instituto Bacteriológico, em 1898.

Segundo seu contemporâneo e biógrafo, Rubião Meira, Arthur de Mendonça “era concentrado e muito dedicado no seu trabalho, tendo hábitos modestos. Era retraído, aparentava ar taciturno, mas tinha caráter impoluto. Por vezes se irritava com coisas que os outros não se importavam tanto. Gozou do respeito dos que dele se aproximaram, tendo deixado mais admiradores que amigos, pois seu temperamento, pouco expansivo, não provocava o cultivo de amizades”. 

Arthur Vieira de Mendonça pertenceu à Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu nono presidente, exercendo seu mandato anual entre 1903-1904. 

Arthur Vieira de Mendonça

Foi vítima de câncer hepático, que ele mesmo suspeitou. Faleceu em outubro de 1915, vinte dias após o diagnóstico, como um justo, sem recriminação e sem revolta, particularmente para quem ainda tinha muito a produzir. Sua missa de 7o dia foi celebrada na Igreja da Consolação, na capital paulista . 

As palavras do dr. Palmeiras Ripper, por ocasião de seu sepultamento, sintetizam sua personalidade e correspondem à verdade: “Mendonça não sabia geometria, embora  fosse ilustrado. Não conhecia as linhas curvas, sinuosas, tortuosas, quebradas – era só a linha reta. E sua vida foi numa direção única do bem e do trabalho”. Ao que Rubião Meira complementou: “Arthur de Mendonça serviu de exemplo aos que procuram um caráter inatacável, firme, digno e honesto”. 

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906- 1907, e é o patrono da cadeira nº 11 desse sodalício.

Affonso Régulo de Oliveira Fausto foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1916-1917, e é o patrono da cadeira nº 67 desse sodalício. 

Luiz de Gonzaga de Amarante Cruz foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 97 desse sodalício. 

Diogo de Faria foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1904-1905.

Adolpho Lutz é o patrono da cadeira nº 81 da Academia de Medicina de São Paulo. 

Luiz Gonzaga de Amarante Cruz é o patrono da cadeira nº 97 da Academia de Medicina de São Paulo.

João Alves de Lima presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante dois mandatos anuais entre 1907-1908 e 1913-1914. 

José Olegário de Almeida Moura presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1914-1915.

Vital Brazil Mineiro da Campanha é o patrono da cadeira nº 62 da Academia de Medicina de São Paulo. 

Domingos Rubião Alves Meira foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1911-1912, e é o patrono da cadeira nº 51 desse sodalício. 12 Dados obtidos no jornal o Estado de São Paulo – Edição de 22 de outubro de 1915 (sexta-feira).