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Biografia

Augusto César de Miranda Azevedo

Augusto César de Miranda Azevedo, mais conhecido por Miranda Azevedo, nasceu em Sorocaba (SP), aos 10 de outubro de 1851. Era filho do dr. Antonio Augusto Cesar de Azevedo, natural de Cuiabá, e de Anna Eufrosina de Miranda, natural de Sorocaba, cidade essa onde contraíram suas núpcias. 

Miranda Azevedo graduou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1874. Sua tese de doutoramento, defendida na cadeira de ciências médicas, dissertou sobre Beribéri . Em ciências cirúrgicas escreveu sobre “Operações Reclamadas pela Fístula Lacrimal” e, em ciências médicas sobre “Educação Física, Intelectual e Moral no Rio de Janeiro e sua Influência sobre a Saúde”. 

Ainda enquanto acadêmico assinou o Manifesto Republicano 3 , documento histórico de grande importância para o Brasil, publicado no primeiro número do jornal A República, do Rio de Janeiro, vindo a lume no dia 3 de dezembro de 1870. 

Em abril de 1875, no Rio de Janeiro, ainda no Brasil imperial, Miranda Azevedo foi o pioneiro em nosso meio a organizar e a fazer uma conferência popular enfocando a teoria evolutiva de Charles Darwin (1809-1882), com a seguinte proposição: É aceitável o aperfeiçoamento completo das espécies até o homem?” 

Tornou-se assim um fervoroso defensor do darwinismo, construindo sua própria vesão dessa teoria, tendo em vista sua formação médica, política e social. Ao divulgar a Teoria da Evolução das Espécies unia-se a outros intelectuais coetâneos que encontravam novas possibilidades de interpretação da natureza e da sociedade. 

Miranda Azevedo foi o primeiro redator da Revista Médica do Rio de Janeiro e, curiosamente, também apresentou em uma exposição, uma medalha de Santo Ignácio de Loiola, encontrada em um cemitério indígena da Província de São Paulo. 

Como jornalista, foi diretor do jornal A República do Rio de Janeiro e colaborador no jornal A Província de São Paulo, enviando crônicas políticas, literárias e noticiosas. 

Clinicou por algum tempo no Rio de Janeiro, atuando também no interior paulista, nas cidades de Guaratinguetá e Cruzeiro. Entretanto, radicou-se posteriormente na cidade de São Paulo, onde se tornou lente de medicina legal e nomeado catedrático de higiene pública da Faculdade de Direito de São Paulo. 

Era abolicionista e, na política, foi um ardoroso republicano. Pertenceu ao Partido Republicano Paulista (PRP), tornando-se, após a Proclamação da República, deputado estadual na Câmara do Congresso Legislativo do Estado de São Paulo por três legislaturas (1891-1892; 1895-1897 e 1898-1900). Também foi presidente da Câmara do Congresso Legislativo do Estado de São Paulo de 15 de julho de 1891 a 29 de janeiro de 1892. Encerrou sua vida política como deputado federal, atuando de 1900- 1902.

Augusto César de Miranda Azevedo. Óleo sobre tela de autoria de Oscar Pereira da Silva (1920). 

Miranda Azevedo foi um dos membros fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e ingressou nos albores da novel Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, fundada em 7 de março de 1895, hoje, denominada de Academia de Medicina de São Paulo. Teve a honra de ser o 3º presidente desse sodalício, exercendo um mandato anual entre 1897-1898. Já na gestão anterior, presidida por Carlos José Botelho (1896-1897), participou, juntamente com outros confrades, da comissão organizadora do 4º Congresso de Medicina e Cirurgia que, infelizmente, apesar dos esforços, foi cancelado pela falta de recursos . 

Miranda Azevedo casou-se com Angelina Fomm, filha de Augusto Fomm e de Ângela Martins. Desse conúbio nasceram sete filhos: Iracema de Miranda Azevedo, casada com Augusto César de Oliveira Roxo Filho; Aracy de Miranda Azevedo, Ary de Miranda Azevedo, casado com Corália Pereira de Almeida; Maria de Miranda Azevedo, Francisco César de Miranda Azevedo, Ignes de Miranda Azevedo e Luiz de Miranda Azevedo. 

Augusto César de Miranda Azevedo, que se destacou como médico, historiador, jornalista e político, faleceu na cidade de São Paulo, em 12 de março de 1907, aos 56 anos. Seu nome é honrado numa rua no centro da cidade de Sorocaba.  

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Beribéri é uma doença causada pela deficiência de vitamina B1, que apresenta quadro clínico de polineurite, edema e cardiopatia. 

O Manifesto Republicano foi uma declaração publicada pelos membros dissidentes do Partido Liberal (“luzias”), liderados por Quintino Bocaiúva e Joaquim Saldanha Marinho. Ambos haviam decidido formar um Clube Republicano no Rio de Janeiro, com o ideário de derrubada da Monarquia e o estabelecimento da República no país. 

Miranda Azevedo elegeu-se deputado em 1891, no primeiro Congresso Paulista. 

Carlos José Botelho foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu segundo presidente num mandato anual entre 1896-1897, e é o patrono da cadeira nº 55 desse sodalício. 

Esse congresso foi realizado em 1900, no Rio de Janeiro. A cidade de São Paulo sediou apenas em 1907 um Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, no qual a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi responsável por sua organização.