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Biografia

Carmen Escobar Pires 

Carmen Escobar Pires nasceu aos 9 de setembro de 1898, na cidade de Santa Rita do Passa Quatro (SP). Era filha de Manoel Bueno Barbosa Pires e de Teresa Escobar Pires. 

Formou-se como professora normalista em 1914, e graduou-se, em 1920, na terceira turma da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, ocasião em que defendeu a tese Semiótica dos Pleurises

Foi a terceira mulher a se formar em medicina do estado de São Paulo, sendo precedida por Délia Ferraz e Odette N. de Azevedo Antunes, graduadas em 1918, na primeira turma da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. 

Interessada por maiores conhecimentos empreendeu viagem de estudos à Europa, aprimorando-se em Paris. Especializou-se em cirurgia obstétrica. 

Retornando ao Brasil dedicou-se também à carreira universitária, sendo professora de medicina ao longo de sua carreira profissional. Teve grande atuação científica (Figura 3). Não se encontravam textos de mulheres médicas na revista Gazeta Médica da Bahia até 1927, quando Carmen Escobar Pires publicou o artigo intitulado “Sobre um Caso de Síncope Anestésica – Injeção Intracardíaca de Adrenalina – Cura”

Carmen Escobar Pires, a única mulher que se graduou na 3a turma da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 1920, e a 3a mulher que se formou em medicina no estado de São Paulo. 

Carmen Escobar Pires com um grupo de médicos: a segunda da esquerda para a direita, na primeira fila.

Outrossim, são de sua lavra as monografias: Contribuição ao Tratamento dos Acidentes da Gravidez Tubária (1928, 31 páginas); Corioepitelioma Primitivo da Trompa (1938, 16 páginas) e Tumor Hipernefroide do Ovário (1951, 16 páginas em coautoria com Altino Antunes e Carlos Ribeiro Macedo); assim como os artigos “Arrenoblastoma do Ovário” (1938); “Arrenoblastoma: Evolução de um Caso Durante 12 Anos: Refeminização e Posteriormente Gravidez e Parto Normais” (1944); e “Estroma do Ovário” (1945). 

Carmen Escobar Pires (Figura 4) era membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Ingressou, com apenas oito anos de exercício profissional, como membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 1º de junho de 1928, permanecendo nesse sodalício por 55 anos (!). Teve a honra de ser a primeira mulher presidente, sendo precedida nessa função por 48 expoentes da medicina paulista . Exerceu seu mandato durante um período anual entre 1951-1952. O mandato presidencial de um ano foi estabelecido desde a fundação da entidade, em 7 de março de 1895, persistindo durante 72 (!) anos até 1967, quando passou a ser bienal.

Carmen Escobar Pires. Tela de autoria de Oscar P. da Silva (1924)

Em agosto de 1965, Carmen Escobar Pires (Figuras 5 e 6) ocupou o cargo de assistente-adjunto do então criado Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Associação Evangélica Beneficente. Nessa entidade prestou serviços médicos por mais de trinta anos! Era presbiteriana e participou intensamente da vida de sua igreja, tendo sido diaconisa da 1ª Igreja Presbiteriana Independente em São Paulo.  

Carmen Escobar Pires na vida adulta. Primeira mulher que se tornou presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo.

Carmen Escobar Pires não se casou, tampouco deixou descendentes. Faleceu em 10 de fevereiro de 1984, aos 85 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério dos Protestantes, fundado em 1858 e localizado à Rua Sergipe no 177, no bairro de Higienópolis. Seu nome é honrado como patronesse da cadeira no 112 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

As fotos foram uma gentileza do dr. Rubens Escobar Pires Lodi, médico e sobrinho-neto de Carmen Escobar Pires. 

Gazeta Médica da Bahia, Salvador. Volume XVII, números 7-8 (janeiro-fevereiro), 1927.

Carmen Escobar Pires não foi a primeira mulher a ingressar na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. De acordo com o pesquisador Luiz Antonio Teixeira, ao que tudo indica, a primeira mulher que praticou a medicina de forma contínua na cidade de São Paulo e a primeira que pertenceu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi Marie Rennotte. Nascida na Bélgica em 1852, veio para o Brasil e atuou inicialmente como pedagoga no interior do estado de São Paulo. Posteriormente, graduou-se em medicina na Filadélfia (EUA), em 1892, aos 40 anos de idade. Teve importante atuação na defesa de uma maior participação das mulheres na vida social. In: Na Arena de Esculápio – A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (1895-1913) de Luiz Antonio Teixeira. Editora Unesp – São Paulo, 2007, 294 páginas. 

Oscar Pereira da Silva nasceu em São Fidélis (RJ), em 29 de agosto de 1865 (ou 1867) e faleceu na cidade de São Paulo, em 17 de janeiro de 1939. Foi pintor, desenhista, decorador e professor.