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Biografia

Eduardo Rodrigues Alves

Eduardo Rodrigues Alves trabalhou no Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo. Em 1912 foi deslocado para a Secção de Proteção à Infância e, em seu lugar, foi nomeado Manuel Pais de Azevedo como médico assistente. 

Em 1918 o Instituto Pasteur de São Paulo foi reinaugurado. A instituição havia passado a ser estadual em 1916. O prédio tinha sido reformado o que lhe deu novas feições. Por ocasião de sua reinauguração foi convidado a dirigi-lo o médico Eduardo Rodrigues Alves, que permaneceu 30 anos à frente da entidade. 

Nessa segunda fase do Instituto Pasteur de São Paulo 3 , devido ao pequeno número de funcionários, os recursos foram aplicados no aperfeiçoamento de técnicas de fabricação de vacina, no soro antirrábico e no diagnóstico e tratamento da raiva. Os relatórios de Eduardo Rodrigues Alves à direção da Saúde Pública mostravam que sua principal preocupação era o controle da doença, que se deveria dar pela eliminação dos cães vadios. Em vários trechos desses documentos ele apresentou propostas para a melhoria dos serviços de recolhimento de cães e o estabelecimento de normas para a criação doméstica destes animais. 

Eduardo Rodrigues Alves em sua escrivaninha de trabalho no Instituto Pasteur de São Paulo, em 1918. 
No primeiro plano: Altino Arantes, com bengala, presidente do estado de São Paulo; Eduardo Rodrigues Alves, com avental e gorro brancos, diretor do Instituto Pasteur de São Paulo; e Washington Luís, prefeito da cidade de São Paulo. 
Eduardo Rodrigues Alves, com avental branco, cercado de autoridades não identificadas na frente do Instituto Pasteur de São Paulo.

Eduardo Rodrigues Alves foi membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu 27º presidente, exercendo um mandato anual entre 1925-1926.  

Eduardo Rodrigues Alves. 

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

As fotos foram gentilmente cedidas pela biblioteca do Instituto Pasteur de São Paulo. 

O Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo recebeu essa denominação em 1893, sendo fundado no ano anterior (1892) como Laboratório de Bacteriologia do Estado de São Paulo. Em 1940 passou a denominar-se Instituto Adolfo Lutz. 

O Instituto Pasteur de São Paulo nasceu como uma instituição privada e filantrópica através de um grupo de médicos e beneméritos paulistas interessados no desenvolvimento das ciências biomédicas e da saúde coletiva no estado. A iniciativa foi do jovem médico Ulysses Paranhos e do clínico português Bittencourt Rodrigues, que moveram uma campanha com o objetivo de se criar uma instituição antirrábica na cidade. Logo, Ignácio Wallace da Gama Cochrane, ex-deputado e diretor da Superintendência de Obras Públicas do estado, e o desembargador José Maria do Valle encamparam a ideia, conseguindo fundos junto à elite econômica paulista para estabelecer o instituto, que foi inaugurado em 5 de agosto de 1903. 

A organização do instituto previa a existência de um conselho diretor, que foi composto por Ignácio Wallace da Gama Cochrane (presidente), Bittencourt Rodrigues (vice-presidente), José Maria do Valle (tesoureiro), Alberto Seabra e Joaquim José da Nova (ambos secretários). Para o cargo de diretor técnico foi contratado o médico italiano Ivo Bandi, que permaneceu apenas um mês na direção do instituto. Após várias tentativas de se contratar um renomado cientista estrangeiro para dirigir a instituição, no final de 1905, o médico italiano Antonio Carini, na época trabalhando em Berna (Suíça), aceitou ocupar o cargo. 

O período de 1906 a 1915 foi bastante profícuo para o Instituto Pasteur, que sob a direção de Carini transformou-se numa importante instituição antirrábica, também voltada para pesquisa e atividades de formação de quadros técnicos no campo da microbiologia. Além disso, produzia e comercializava diversos produtos de uso médico e veterinário, como vacinas, soros e reagentes para diagnósticos. 

A partir de 1914, com as dificuldades econômicas provenientes do advento da I Guerra Mundial e, em virtude do desenvolvimento de instituições estaduais que desempenhavam algumas das funções do instituto, como o Butantan, fabricante de um grande número de produtos biológicos; e a Faculdade de Medicina, responsável pela formação médica, a visibilidade da instituição começou a declinar e, junto com ela, as doações que a mantinham também se reduziram. Logo ingressou em uma forte crise financeira, agravada ainda mais com a progressiva diminuição dos subsídios vindos de diversas municipalidades e do governo estadual, e em pouco tempo as rendas auferidas tornaram-se insuficientes para a manutenção do instituto no âmbito privado. 

Por se tratar de um serviço voltado à saúde pública, o governo estadual interessou-se em dar continuidade às atividades antirrábicas já desenvolvidas pelo Instituto Pasteur. Assim, celebrou-se um acordo com a instituição, transferindo-a para o Serviço Sanitário do estado. Pelos termos do acordo, ficava o serviço público responsável somente pela preparação da vacina e pelo atendimento aos vitimados por animais suspeitos. Em 21 de março de 1916 efetivou-se a doação da instituição ao governo paulista, marco de encerramento da primeira fase do Instituto Pasteur de São Paulo. In: Teixeira LA, Sandoval MRC, Takaoka NY. “Instituto Pasteur de São Paulo: Cem Anos de Combate à Raiva.” História, Ciências, Saúde – Manguinhos [online]. Vol 11 (3): 751-766, 2004.