Euclydes Fontegno Marques

Euclydes Fontegno Marques, mais conhecido por Euclydes Marques, nasceu na cidade de São Paulo, em 5 de abril de 1935. É filho de Antonio Marques Filho e de Julia Fontegno Marques. Casou-se com Maria Nilda Vuolo Marques. 

Graduou-se na 41ª turma da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1958. No Hospital das Clínicas (HC) dessa mesma instituição de ensino, fez residência em cirurgia geral (1959-1960) e em cirurgia cardiovascular (1961-1963). 

Obteve, em 1972, o título de doutor na FMUSP, na área de cirurgia cardiovascular, com a tese Restauração de Membros Decepados, tendo como orientador o professor Masayuki Okumura. 

Acumulou experiência em cirurgia de urgência, torácica e cardiovascular. Além dessas áreas desenvolveu pesquisas com transplantes, reimplantes, microcirurgia, assistência circulatória, raios laser em medicina, circulação extracorpórea com oxigenação autógena, dispositivos de assistência ventricular, obtenção experimental de modelos de infarto do miocárdio, e arterialização experimental de veias de pequenos animais para estudo dos aspectos biomoleculares da sua remodelação. 

Na FMUSP dedicou-se ao ensino como professor colaborador no Departamento de Cirurgia, tendo também atuado como professor convidado do Departamento de Morfologia. 

Dentre os locais onde trabalhou salientam-se: HC da FMUSP como preceptor (1962-1965); assistente (1962-1980) e diretor do Serviço de Pronto-Socorro (1973- 1980); Prefeitura Municipal de Santo André como diretor do Departamento da Saúde (1977-1979); Hospital Beneficência Portuguesa como cirurgião da equipe de transplante renal (1976-1977), diretor do centro de laser (1985-1990) e diretor de cirurgiacardiovascular (1993-1995); Hospital Pan-americano como diretor da Unidade de Terapia Intensiva e chefe da equipe de cirurgia cardíaca (1977-1982); Hospital Nossa Senhora da Penha como diretor do Serviço de Cirurgia Torácica e Cardiovascular (1979-1990); e Instituto do Coração (InCor) da FMUSP como cirurgião (1981-2011). 

Euclydes Marques atuou também professor titular de fisiologia do Instituto de Ensino Superior Senador Flaquer de Santo André (1974-1977); cirurgião do prontosocorro, coordenador do internato e residência do Hospital São Vicente de Paulo da Faculdade de Medicina de Jundiaí (1976-1978); professor assistente do Departamento de Clínica Cirúrgica e curador da Faculdade de Medicina do ABC (1977-1979); e membro da Comissão Nacional de Residência Médica (1981). 

Dentre os prêmios, homenagens e comendas recebidos salientam-se: Gran Premio Assoluto: Trofeo Golfo di Salerno no XXI Festival Internazionale de Cinema a Formato Ridotto (Itália, 1968); Gran Premio Internazionale Assoluto Razzo D’Oro di Technica Cinematografica na Rassegna Internazionale Elettronica Nucleare e TeleRadio-Cinematografica (Itália, 1969); Gran Medaglia D’Oro da Câmara do Comércio de Turin (Itália, 1969); Prêmio ABIF de Pesquisas em Biociências da Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas (1971); II Prêmio Abril de Jornalismo Científico da Editora Abril (1977); Melhor Contribuição Estrangeira com o trabalho “Reimplante de Membros” no XLVI Congresso Argentino e II Congresso Pan e Latino-americano de Cirurgia de Urgência (Buenos Aires, 1977); Prêmio de Melhor Trabalho Cirúrgico da Academia de Medicina de São Paulo (1989); Prêmio Oswaldo Cruz da comissão científica do VIIII Congresso Médico-Universitário da FMUSP (1989); Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (1993); Prêmio Ethicon de Cirurgia da comissão científica do XXII Congresso Nacional de Cirurgia Cardíaca (1995); e Homenagem pelos Serviços Relevantes à Cirurgia Brasileira concedida pela Divisão Cirúrgica III da FMUSP (2010). 

Euclydes Marques ingressou na Academia de Medicina de São Paulo em 31 de maio de 1988, galgando a condição de membro honorário. Publicou 52 trabalhos científicos em revistas nacionais e internacionais, e é autor de 10 capítulos de livros. Apresentou 71 trabalhos em congressos e proferiu mais de 120 aulas em cursos e seminários. Participou de bancas examinadoras, sendo cinco de mestrado; uma de qualificação de doutorado e uma de doutorado; assim como atuou nas comissões julgadoras do Prêmio Governador do Estado – Invento Brasileiro, nos anos de 1997 e 2000. 

Nos anos de 2009-2011 coordenou dois projetos de pesquisa experimental no InCor intitulados “Arterialização de Veias em Ratos” e “Modelo Porcino de Infarto do Miocárdio”. 

São de sua lavra os livros Equilíbrio Ácido-Básico (2ª edição, 1975, em coautoria com Dario Birolini ); Tórax Agudo: Estratégia e Tática em Cirurgia Torácica de Urgência (1992) e A Face Oculta dos Transplantes (2012), que conta a história da evolução dos transplantes cardíacos desde a década de 1960 por quem viveu todas as suas etapas. Euclydes Marques, que esteve envolvido desde o princípio no desenvolvimento das técnicas que levaram ao primeiro transplante no Brasil, em 1968, no Hospital das Clínicas, conta nesse livro, em detalhes, os bastidores desse acontecimento que mudou a cardiologia do País. 

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Masayuki Okumura é membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo.

Oswaldo Gonçalves Cruz é o patrono da cadeira no 99 da Academia de Medicina de São Paulo. 

Dario Birolini é membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo.

O Acadêmico Euclydes Fontegno Marques faleceu no dia 25 de abril de 2024, aos 89 anos.