PortugueseEnglishSpanish
Biografia

Evaristo da Veiga  

Evaristo Ferreira da Veiga, mais conhecido simplesmente por Evaristo da Veiga, era de origem mineira, mas foi educado no Rio de Janeiro. 

Teve infância pobre. Trabalhou para estudar, conseguindo-se graduar com dificuldade. Tinha, desde jovem, atitudes independentes que impressionavam e davam mostras de seu caráter, manifestando sempre uma atitude altiva. 

Clinicou na cidade de São Paulo com enorme sucesso, sendo contemporâneo de outros ilustres médicos, tais como Carlos Botelho , Guilherme Ellis , Pedro de Resende , Ignácio Marcondes de Rezende , Mathias Valladão , Pereira da Rocha, Arnaldo Vieira de Carvalho , dentre outros. De forma insinuante, gentil e muito cavalheiresca, Evaristo da Veiga conquistou grande clientela e amealhou boa fortuna. 

Foi também médico da Inspetoria Sanitária antes da organização desse serviço, onde prestou grandes benefícios à população com os módicos recursos de que dispunha a então Repartição de Higiene. 

Evaristo da Veiga, um dos expoentes da classe médica paulista do final do século XIX, foi um dos fundadores, em 7 de março de 1895, da insigne Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. Nessa entidade participou ao lado de Cândido Espinheira9 e Marcos de Oliveira Arruda10 da Comissão de Higiene. 

Bem inteligente e com fina educação cumpria com brilho suas atribuições. Era enérgico, mas não se dava a querelas. Foi um elemento de destaque no meio social e frequentava assiduamente o Automóvel Club, onde a aristocracia intelectual e monetária da cidade de São Paulo se reunia à época. Sua grande cultura permitia que manifestasse suas opiniões com originalidade de ideias e numa fala elegante. 

Foi comissionado aos Estados Unidos da América para estudar os problemas que afetavam a plantação do café, prestando grandes serviços à lavoura do Estado de São Paulo. Viajou várias vezes à Europa e descrevia suas impressões com acurado espírito observador. 

Rubião Meira, não somente seu biógrafo, mas quem o assistiu na doença que o vitimou, assim registrou sobre Evaristo da Veiga: “Era alto, simpático e conservou sempre a mesma figura moça. Quando faleceu, raros eram os cabelos brancos que possuía, embora tivesse mais de 70 anos. Era jovial também no espírito. (…) Mais de uma vez o vi falar com acrimônia de fatos que se passaram em sua existência e, logo em seguida, um levantar de ombros, um sorriso e era como se nada tivesse acontecido. Não guardava rancores. Sua alma, bem formada, não permitia esses pequeninos males que marcam os indivíduos de temperamento rude. Ele o tinha bom – e durante sua vida – sempre deu provas de grande bondade. (…) Quando acamou da moléstia que o levou ao túmulo, passei muitas horas a ouvi-lo, lamentando que aquele amigo tivesse pouco tempo de vida sobre a terra. Teve morte serena como sói ser a dos espíritos justos. (…) Olhou a morte de frente e entregou-se em seus braços com serenidade, sem desespero, como um fato natural da evolução do homem. Em todo o caso apagou-se uma bela inteligência e um caráter”. 

Evaristo da Veiga teve dois filhos, Dr. Arthur e Heloisa Munhoz, casada com o Dr. Marcio Munhoz. 

Pelo decreto no 1.533, de 30 de novembro de 1907, foi adotado no estado de São Paulo o sistema Dactiloscópico Vucetich, devido ao interesse do Dr. Evaristo da Veiga, ocasião em que era presidente do estado de São Paulo o Dr. Jorge Tibiriça e, secretário da Justiça e Segurança Pública, o Dr. Washington Luiz Pereira de Souza. 

Evaristo da Veiga é honrado como patrono da cadeira nº 107 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

O médico Evaristo da Veiga em questão, não deve ser confundido com Evaristo Ferreira da Veiga e Barros, conhecidíssimo simplesmente por Evaristo da Veiga (1799-1837), que foi poeta, jornalista, político e livreiro brasileiro; autor do Hino da Independência e patrono da cadeira nº 10 da Academia Brasileira de Letras por escolha de seu fundador Rui Barbosa; nem com o homônimo Evaristo Ferreira da Veiga (1832-1889), advogado, jornalista e o 35º presidente da Província de Sergipe; tampouco com o tenente-coronel, igualmente homônimo, Dr. Evaristo Ferreira da Veiga, nascido em 21 de dezembro de 1863. 

Carlos José Botelho foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu segundo presidente num mandato anual entre 1896-1897, e é o patrono da cadeira nº 55 desse sodalício.

Guilherme Ellis foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu quinto presidente num mandato anual entre 1899-1900, e é o patrono da cadeira nº 108 desse sodalício. 

Pedro de Resende foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. 

Ignácio Marcondes de Resende foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. 

Mathias de Vilhena Valladão foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu quarto presidente num mandato anual entre 1898-1899, e é o patrono da cadeira nº 13 desse sodalício. 

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, tendo tido a honra de ser seu sétimo presidente, exercendo dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906-1907, e é o patrono da cadeira nº 11 desse sodalício. 

Cândido Espinheira foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, e é o patrono da cadeira nº 129 desse sodalício. 

Marcos de Oliveira Arruda foi membro fundador da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo. 

Domingos Rubião Alves Meira foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante meio mandato anual entre 1905-1906 e um mandato anual entre 1911-1912, e é o patrono da cadeira nº 51 desse sodalício.