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Biografia

Francisco Baptista Assumpção Júnior

Francisco Baptista Assumpção Jr. nasceu em 7 de setembro de 1951, no bairro paulista do Belenzinho. Sua mãe Lybia, era musicista, herdeira de uma tradição de pianistas desde a bisavó, o que o levou não só a estudar música como a amar profundamente as artes com uma atração irresistível por todas elas, fato que lhe proporcionou uma adolescência que marcou, profundamente, toda sua vida posterior. 

Seu pai Francisco, de quem herdou o nome, foi modelo de seriedade, persistência, dedicação e afeto, dele herdando a forma de encarar a vida refletida nas posições profissionais tomadas e, principalmente, na impossibilidade de negociá-las, ainda que com prejuízo pessoal. 

Sua educação fundamental foi realizada em colégio religioso de padres agostinianos espanhóis, o que também marcou profundamente sua maneira de ser; não somente porque a frase Tolle, Lege (o “abra e leia”, fundamental na vida de Santo Agostinho) trouxe-lhe a indicação de que nos livros se encontram as respostas para todas as questões da vida, como também a disciplina e a dedicação lhe foram de tal forma ensinadas, que elas definiram seu próprio caminho.

Durante o curso secundário, a opção escolhida foi a medicina, posto que mitigar os males, principalmente os da alma, lhe fascinavam, talvez pela própria influência agostiniana. 

O vestibular foi feito ao final de 1968, entrando na primeira turma da Faculdade de Medicina do ABC, no início de 1969, quando “o ano que não acabou”, havia terminado deixando sequelas importantes. Como consequência, participou do Diretório Acadêmico desenvolvendo atividades culturais e políticas, ligadas ao próprio desenvolvimento da faculdade que, em formação, apresentava as dificuldades decorrentes de seu próprio processo de implantação e estruturação. 

Nesse período foi marcado por diferentes professores como Heládio Francisco Capisano e Paulo Fraletti que, apesar de suas diferenças teóricas fundamentais, ensinaram concepções humanísticas, visões psicodinâmicas e uma importante psiquiatria de base schneideriana. Também tiveram influência marcante Bernardo Beilgeman na genética, Maria Aparecida Sampaio Zacchi e Dráuzio Viegas na pediatria, e Wanderley Nogueira da Silva na medicina preventiva. 

Ao sair da faculdade, decidido a fazer psiquiatria dedicada às crianças, foi encaminhado pelo professor Paulo Fraletti ao professor Stanislau Krynski no Centro de Habilitação da Apae-SP2 onde aprendeu a trabalhar em equipe multidisciplinar e a conhecer e respeitar os diferentes modelos de abordagem, de atendimento e de diálogo com profissionais de diferentes áreas médicas e não médicas. 

Passados dois anos foi contratado como médico responsável pelo setor de internações da Apae-SP, permanecendo nesse cargo até 1980, quando, devendo o professor Krynski passar para um setor de ensino e pesquisa recém-inaugurado na instituição, foi convidado para ser o diretor técnico do Centro de Habilitação. 

Nesse período conheceu o trabalho de outros profissionais como Benjamin Schmidt, Aron Diament e Haim Grunspum que lhe influenciaram no pensar a criança. 

No ano de 1980, recebeu da professora Eneida Batistete Matarazzo, convite para ser seu assistente no Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Em 1978 casou-se com uma ex-colega de faculdade. 

Em 1979 teve sua primeira filha, Tatiana, e, em 1983, sua segunda filha, Thais. Divorciou-se no ano 2000. 

Em 1982, após curso de formação em “daseinanalise” com o professor Sólon Spanoudis, realizou, na Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – sob a orientação da professora Rosa Maria Macedo – mestrado e doutorado com temas referentes ao desenvolvimento de portadores da Síndrome de Down submetidos ou não a programas de estimulação precoce e residências para deficientes mentais. 

Em 1992, estimulado pelos professores Paulo Vaz Arruda, Zacaria Ali B. Ramadan e Valentim Gentil Filho4 apresentou sua livre-docência na FMUSP com a construção de um algoritmo diagnóstico para autismo. Após o concurso foi nomeado diretor de serviços técnicos do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP e, em 1994, tornou-se diretor do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do mesmo Instituto, posto no qual permaneceu até 2003 quando foi, como assessor, a convite da então prefeita, para a Secretaria de Saúde do Município de São Paulo, onde ficou até 2005, quando, após concurso, foi admitido como professor associado junto ao Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, local onde permanece até hoje. 

No decorrer desse percurso a vida associativa foi importante uma vez que, por acreditar que a psiquiatria da infância e da adolescência constituía um campo epistemológico único, tentou organizá-lo através de publicações e de atividades associativas. Foi então presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (Abenepi); fundador e primeiro coordenador do Departamento de Psiquiatria Infantil da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); e secretário do Departamento de Psiquiatria da Infância e da Adolescência da Associação Latino-Americana de Psiquiatria (Apal). 

Francisco Baptista Assumpção Jr. publicou e organizou mais de trinta livros entre os quais um Tratado de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, primeiro e único no Brasil. Publicou ainda diversos capítulos e artigos no país e no exterior. Em 2008 foi convidado a participar da Academia Paulista de Psicologia, na cadeira de nª 16. 

Hoje continua acreditando que o futuro possa ser transformado a partir de alunos que ainda possam ser formados e que se disponham a carregar a ideia quixotesca de que a saúde mental da criança brasileira deva ser uma preocupação importante. Imagina assim, citando Antonio Machado, quando diz: “caminante no hay camino. Se hace el camino al andar”, que o motivo de se existir é criado dando-se significado ao viver, dentro daquilo em que se acredita. 

NOTAS: 

Biografia e foto foram fornecidas pelo autor.

Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Apae-SP: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo. 

Aron Judka Diament é membro titular e emérito da cadeira no 30 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Antonio Frederico Branco Lefêvre. 

Valentim Gentil Filho é membro titular da cadeira nº 15 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Mário Yahn.