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Biografia

Gaspar de Jesus Lopes Filho

Gaspar de Jesus Lopes Filho nasceu na cidade de São Paulo, aos 28 dias de agosto de 1949, tendo como pai o doutor Gaspar de Jesus Lopes, formado pela Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1947, um médico à maneira antiga, generalista convicto e assumido, e como mãe, a inesquecível figura humana e pianista Nair Elias Lopes. Casou-se em 1976 com a pedagoga Lúcia Maria, com quem teve três filhos: Felipe, médico cirurgião; Patrícia, jornalista, que lhe deu dois netos: Pedro e Gustavo, e Andrea, advogada.

Graduou-se pela Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1974, onde, a seguir, fez a residência em cirurgia geral e, depois, em gastroenterologia cirúrgica. Desenvolveu a sua tese de mestrado, com o tema “A Via de Acesso Transperitoneal no Tratamento Cirúrgico do Abscesso Hepático Piogênico”, defendida publicamente em outubro de 1989. O tema escolhido para a sua tese de doutorado foi a “Avaliação Clínica, Laboratorial, Endoscópica e Eletrencefalográfica Tardia de Doentes Esquistossomóticos Submetidos à Anastomose Espleno-Renal Distal”, sendo defendida e aprovada em julho de 1994. Em 2001, para o concurso de livre-docência, apresentou como tese a “Análise Uni e Multivariada dos Fatores de Risco para a Ocorrência de Óbito Intra-Hospitalar em Pacientes Submetidos ao Tratamento Cirúrgico da Hemorragia Digestiva Aguda por Varizes Esofagogástricas pela Operação de Crawford Modificada”, sendo aprovado com a nota máxima em todas as provas do concurso, tendo, assim, obtido o tão almejado título de livre-docente. Em 1982 foi aprovado em concurso público para o cargo de professor auxiliar da disciplina de gastroenterologia cirúrgica, passando a integrar desde então, o quadro de professores da Escola Paulista de Medicina. No decorrer dos anos seguintes foi progredindo

para os outros níveis da carreira: professor assistente, adjunto e associado, até que em 2013, após disputado concurso público, assumiu o cargo de professor titular da disciplina de gastroenterologia cirúrgica da EPM. A seguir, ocorreu a sua eleição para a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência Cirúrgica Interdisciplinar.

Na EPM exerceu diversas funções. Logo após o término da residência, em 1978, foi contratado como chefe de equipe de plantão do Pronto-Socorro do Hospital São Paulo (HSP), tendo, simultaneamente, assumido mais funções assistenciais e didáticas na disciplina de gastroenterologia cirúrgica da EPM. Em 1980 participou da criação do Setor de Infecção da Disciplina, sendo nomeado como responsável. Foi nesse setor que se iniciou o primeiro núcleo de controle de infecção hospitalar da EPM, e onde foram obtidos e divulgados os primeiros relatórios sistematizados sobre infecção hospitalar do Hospital São Paulo, até que mais tarde, em 1986, foi criada a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HSP. Em 2002, assumiu a chefia do Grupo de Gastro Geral, Hipertensão Portal e Parede Abdominal, saindo em janeiro de 2006 para ocupar o cargo de chefe da disciplina de gastroenterologia cirúrgica da EPM. Posteriormente, foi reeleito para a gestão 2008-2009 e depois para a gestão 2010-2011. Ocupou o cargo eletivo de vice-chefe da disciplina de gastroenterologia cirúrgica da EPM na gestão 2011-2013, na gestão 2013-2016 e na gestão atual 2020-2023.

Em 1984 foi indicado pelo Departamento de Cirurgia para assumir o cargo de coordenador-geral do Pronto-Socorro do HSP, com responsabilidades de coordenar as atividades de todas as especialidades com atuação no Pronto-Socorro. Paralelamente, passou a fazer parte do recém-criado Grupo de Transplante de Fígado da EPM. A partir de 1995, foi indicado para ocupar novamente a coordenação geral do Pronto-Socorro do HSP, sendo, simultaneamente, também nomeado para o cargo de coordenador médico do serviço de Pronto-Atendimento da ala de doentes conveniados e particulares do hospital. Em 2003, após oito anos na coordenação geral do Pronto-Socorro do HSP, foi indicado para a coordenação médica dos Ambulatórios do HSP, onde permaneceu até o ano de 2010. Em 2012 foi criado o Centro de Bioética da Escola Paulista de Medicina (EPM), visando fomentar o ensino da bioética em todas as séries do curso de graduação em medicina, sendo que a Congregação da EPM o nomeou como coordenador deste novo Centro de Bioética. Além disso, a partir de 2013, iniciou sua participação ativa na Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), entidade filantrópica que completa agora 90 anos, criada pelos fundadores da Escola Paulista de Medicina em 1933, com a finalidade precípua de organizar o curso de medicina da segunda escola médica de São Paulo. Sua unidade pioneira, o Hospital São Paulo, fundado em 1940 para o ensino prático dos alunos da Escola Paulista de Medicina, tornou-se um dos principais hospitais universitários do país.

Como consequência de toda essa atividade acadêmica, o professor Gaspar Lopes formou 22 alunos de iniciação científica, 21 mestres, 12 doutores e 2 pós-doutores, que o acompanharam em diferentes níveis e momentos em 117 artigos publicados, três livros, 63 capítulos de livros, 145 resumos em anais, 49 apresentações de trabalhos, 500 participações em eventos. Essa contribuição na formação científica dos futuros pesquisadores e no espírito crítico dos profissionais, muitos dos quais levaram esse conhecimento e essa mentalidade para outras regiões e outras escolas do país, onde, hoje, ocupam posições de destaque acadêmico e profissional, mostrou o impacto da atividade de orientação, que é acima de tudo uma atividade formadora do produto final da pós-graduação stricto sensu. Vale ressaltar as outras atividades de Gaspar Lopes, agora no campo associativo, desde março de 1998, quando assumiu a presidência da Sociedade de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo, de que tinha sido o secretário-geral no biênio 1992-1994. Iniciava-se

uma nova etapa em sua vida profissional. Nessa primeira função, aprimorou a estrutura da entidade e criou as condições para que voltasse a ocupar a posição de destaque que sempre mereceu em nosso estado e em nosso país. Em 2000, em uma eleição difícil, foi eleito diretor científico da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva (SBMD), na chapa do presidente Ary Nasi, e reeleito na gestão seguinte do presidente José Márcio Neves Jorge. O papel mais importante dessas diretorias foi o de trazer estabilidade, união e harmonia para uma sociedade que se apresentava dividida e culminou com o recebimento do título de membro honorário da SBMD, outorgado em 7 de novembro de 2006.

Em 2003 foi eleito delegado da Associação Paulista de Medicina (APM) na Associação Médica Brasileira (AMB), cargo que exerceu nas gestões 2003-2005, 2009-2011 e 2012-2014. Também na APM foi eleito seguidamente como delegado da capital desde 2006 até os dias de hoje, sendo primeiro secretário da Assembleia Geral de Delegados da APM, na gestão 2006-2008.

Em outubro de 2003 foi eleito para conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), onde permaneceu até 2018. Nesses quinze anos, além das atividades normais de conselheiro, atuou como coordenador do Clube do Fígado, programa de reuniões científicas mensais de especialistas em fígado das três escolas de medicina da cidade de São Paulo (Escola Paulista de Medicina, Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), iniciado em 2006, que integrou o Programa de Educação Médica Continuada (PEMC) do Cremesp, desde março de 2008 e que, desde abril de 2012, iniciou reuniões também por telemedicina com Delegacias Regionais do Cremesp, permitindo então a integração dos hepatologistas em todo o estado de São Paulo e que persiste até os dias de hoje.

Em 2000 foi eleito vice-mestre do Capítulo de São Paulo do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBCSP) e, em 2008, foi eleito mestre do CBCSP para a gestão 2008-2009. Foram realizados inúmeros eventos por todo o estado de São Paulo: foi criado o Clube Benedicto Montenegro[1]; realizado o Congresso Paulista de Cirurgia em 2008 e o Congresso Brasileiro de Cirurgia em 2009, levando ao aumento significativo do quadro associativo e à implantação das videoconferências, entre outras atividades. Em decorrência desse trabalho realizado, em novembro de 2009, foi eleito para a presidência do Diretório Nacional do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) para a gestão 2010-2011. Muitas atividades foram promovidas e trouxeram crescimento significativo ao Colégio e, certamente, à própria cirurgia brasileira. Após o término de sua gestão (2010-2011), tornou-se membro da Comissão de Ética do CBC e membro nato do Conselho Superior do CBC, órgão que determina o planejamento e as diretrizes e estratégias da instituição e onde atua ativamente até os dias de hoje.

Todas essas atividades permitiram a legitimação do respeito e da autoridade acadêmica que, inevitavelmente, vem com as conquistas obtidas e que certamente influíram decisivamente na evolução acadêmica e associativa descrita acima, culminando com a presença agora do professor Gaspar Lopes, ocupando a vaga da cadeira de número 14 da prestigiosa Academia de Medicina de São Paulo, que tem por patrono Victor Spina, e que foi anteriormente ocupada por Munir Miguel Curi.


Nótulas: A biografia e a foto foram fornecidas pelo autor.

A. Pequenas adaptações do texto ao perfil desta secção, bem como a nota de rodapé foram feitas pelo acadêmico Helio Begliomini, titular e emérito da cadeira no 21 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Benedicto Augusto de Freitas Montenegro. B. A solenidade de posse ocorreu em sessão de gala no auditório nobre da Associação Paulista de Medicina.

Benedicto Augusto de Freias Montenegro (1888-1979) ingressou na Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, em 16/10/1911. Presidiu esse sodalício num mandato anual entre 1952-1953 e, hoje, é honrado post-mortem como patrono da cadeira no 21.

Nota: Endereço do Currículo Lattes atualizado para acessar os dados complementares a esta breve biografiahttps://lattes.cnpq.br/3518607824692081