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Biografia

Humberto Cerruti

Humberto Cerruti nasceu na cidade de Buenos Aires, Argentina, em 6 de fevereiro de 1905. Era filho de Rómulo Cerruti e Itália Diamanti Cerruti. Emigrou para a cidade de São Paulo, onde fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar de São João.

Bacharelou-se em 1922, em Ciências e Letras num ginásio estadual.

Matriculou-se em 10 de fevereiro de 1923, no Curso Preliminar da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, independentemente de exames vestibulares, devido às prerrogativas de que gozavam, nessa época, os bacharelandos de ginásios estaduais.

Durante o curso médico trabalhou, desde 1923, como auxiliar acadêmico do laboratório central da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCMSP). Em 1927 foi nomeado adjunto e, no ano seguinte, chefe dos postos da Liga de Combate à Sífilis, criada e mantida pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz.

Enquanto quartoanista apresentou à cadeira de higiene um relatório descritivo sobre o laboratório central da SCMSP com as estatísticas das sororreações de Wassemann até o ano de 1926.

Ainda, na condição de acadêmico, auxiliou a feitura de teses de doutoramento de João Augusto de Siqueira Ferreira e de José Moacyr Alcântara Madeira. Com este último publicou na Revista de Medicina do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, o trabalho “O Valor Diagnóstico da Reação de Brahmachari na Leishmaniose Tegumentar Americana”.

Após ter cursado seis anos de faculdade, defendeu tese em 31 de maio de 1929, sendo aprovado com “grande distinção, grau 10 e louvor”, colando grau em 17 de junho de 1929, sendo diretor da escola, o professor doutor Pedro Dias da Silva. Sua tese intitulava-se Sobre um Novo Tipo de Mieloma Múltiplo. Foi apresentada à comissão examinadora formada pelos professores Ovídio Pires de Campos, Ludgero da Cunha Motta e Domingos Rubião Alves Meira. Esse trabalho mereceu o Prêmio Sérgio Meira de 1928, destinado à melhor tese apresentada à Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, sendo outorgado pela Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.

Humberto Cerruti ingressou em 11 de abril de 1929, como adjunto interino da línica dermatológica do Asilo Colônia de Santo Ângelo da Irmandade da SCMSP. Aí exerceu as funções de dermatologista até 7 de agosto de 1933, por ocasião da passagem administrativa desse estabelecimento aos cuidados da Inspetoria de Profilaxia da Lepra de São Paulo.

Em 1º de junho de 1929 foi nomeado adjunto voluntário e, em 21 de junho de 1930, chefe da secção do laboratório central de anatomia patológica e análises químicas do Hospital Central da Irmandade da SCMSP, onde exerceu as funções de anatomopatologista até 9 de maio de 1945, ocasião em que se tornou chefe da clínica dermatológica e sifiligráfica, adida à 4ª Clínica Médica de Homens.

Humberto Cerruti matriculou-se na Escola Nacional de Veterinária do Rio de Janeiro em 1935, naturalizando-se cidadão brasileiro em 25 de novembro desse mesmo ano. Transferiu-se para o 3º ano da Escola de Medicina Veterinária de São Paulo, colando grau em 18 de novembro de 1937, sendo diretor-superintendente dessa instituição de ensino, Paulo de Lima Corrêa.

Humberto Cerruti foi 3º assistente da cadeira de clínica dermatológica e sifiligráfica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) de 1931 a 1936, ocasião em que solicitou sua demissão na condição de livre-docente por concurso (1936). Dentre outros cargos e funções exercidas salientam-se: preparador (1932-1935); assistente interino (1935-1953) e livre-docente (1950) da cadeira de histologia e embriologia da Faculdade de Medicina Veterinária da USP; participante do Movimento Constitucionalista de 1932, no laboratório de análises clínicas do Hospital de Sangue montado no Hospital Central da SCMSP; anatomopatologista da Inspetoria de Profilaxia da Lepra de São Paulo (1934-1937); dermatologista da 3ª Clínica Médica de Mulheres do Hospital Central da SCMSP (1934-1935); chefe de clínica dermatológica e sifiligráfica da Policlínica de São Paulo (1939); diretor do laboratório de análises clínicas e anatomopatologia do Hospital Humberto I, depois denominado Hospital Nossa Senhora Aparecida e Casas de Saúde Matarazzo (1942-1943; 1944-1945; 1946-1947; 1948-1949; 1950-1951 e 1952-1953); membro do Conselho Consultivo do Departamento Científico do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (1942; e sócio benemérito em 1945); irmão remido (1949) e irmão benfeitor (1951) da Irmandade da SCMSP (1949); membro da Comissão de Luta contra a Leishmaniose (1950); e médico do Departamento de Profilaxia da Lepra do Estado de São Paulo (1950-1954).

Humberto Cerruti passou a ser colaborador efetivo (1937); membro da redação (1939) e um dos redatores chefes (1944) dos Arquivos de Dermatologia e Sifiligrafia de São Paulo. Em junho de 1937 recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Alexander Von Humbolt de Berlim. Tornou-se membro do conselho de redação de histologia e embriologia dos Arquivos de Cirurgia Clínica e Experimental (1940); colaborador da Gazeta Clínica (1944); um dos redatores dos Anais Brasileiros de Dermatologia e Sifiligrafia (1944); membro da comissão de redação da Revista do Hospital Nossa Senhora Aparecida (1948) e colaborador da Revista Brasileira de Leprologia (1949).

Tornou-se membro das seguintes entidades: Sociedade Arnaldo Vieira de Carvalho (1925, fundador e efetivo); Associação Paulista de Medicina (APM – 1931, fundador e efetivo; 1934, 1º secretário da secção de biologia; 1936, diretor da sede; 1937, 2º secretário da secção de dermatologia; 1940, 1º secretário da secção de dermatologia); Sociedade Paulista de Leprologia (1933, fundador e efetivo; 1940, secretário-geral; 1941, presidente); Sociedade de Biologia de São Paulo (1934, efetivo); Sociedade Brasileira de Dermatologia e Sifilografia (1940, sócio correspondente; 1945, sócio efetivo); Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (1941, sócio titular da secção de medicina especializada e presidente dessa secção em 1946; secretário da diretoria, 1947); Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (1943, sócio efetivo); Academia Nacional de Medicina (1943, membro correspondente); Associación Argentina de Dermatología e Sifilología (1947, sócio correspondente); Academia Española de Dermatología y Sifiliolografía (honorário); Colégio Íbero-LatinoAmericano de Dermatologia (1948, fundador); Sociedad Cubana de Dermatología y Sifilografía (1948, membro correspondente); e Société Française de Dermatologie et Syphilighaphie.

Humberto Cerruti recebeu no concurso promovido pelo Serviço Nacional de Lepra (1942) o 2º lugar com a monografia “Diagnóstico Clínico, Biológico e Laboratorial da Lepra”, em coautoria com Luiz Marino Bechelli, Oswaldo de Freitas Julião e Armando Berti; o Prêmio João Abílio Gomes da Sociedade Paulista de Leprologia (1943) com o trabalho “Contribuição ao Estudo da Lepra Nasal”, em coautoria com Luiz Marino Bechelli, Moacyr de Souza Lima e Armando Berti; o Prêmio Raul Margarido da Sociedade Paulista de Leprologia (1944) com o trabalho “Considerações Histopatológicas sobre a Lepra da Mucosa Nasal”; Prêmio Adolpho Carlos Lindenberg da Associação Paulista de Medicina (1949) pelo trabalho “Blastomicose Sul-Americana. Estudo do seu Tratamento e Alguns Aspectos mais Interessantes”, em colaboração do Vinício de Arruda Zamith.

Humberto Cerruti obteve o título de especialista em dermatologia pela Associação Paulista de Medicina em 1951. Casou-se com Maria Justino Cerruti, de cuja união nasceu seu único filho, Humberto Cerruti Filho.

Dedicou-se à atividade clínica e ao ensino universitário, doando grande parte de sua vida à Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Publicou mais de cem trabalhos referentes às áreas afins de dermatologia e sifilografia, e de histologia e embriologia.

Após sua formatura, atuou por muitos anos na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Em 1945, por ocasião da transferência da clínica dermatológica para o Hospital das Clínicas, o Serviço de Dermatologia da Santa Casa ficou a cargo de Humberto Cerruti, que, em 1963, em decorrência da fundação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, tornou-se professor pleno da disciplina de dermatologia (Figura 2).

Foi também chefe do laboratório de Análises do Hospital Humberto Primo.

Humberto Cerruti com avental branco, ao centro, no anfiteatro do 4º andar da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1º de abril de 1978.

Na Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba ingressou no Departamento de Morfologia e Patologia em 10 de março de 1951, como professor da cadeira de histologia. Em 1º de maio de 1956 tornou-se professor da cadeira de dermatologia e sifilografia, ligada ao Departamento de Medicina, e, em 15 de março de 1964, passou também a acumular o cargo de professor da cadeira de histologia e embriologia geral.

Nessa instituição de ensino foi também nomeado vice-diretor, em 25 de novembro de 1967, e enquadrado na denominação de professor titular, em 30 de setembro de 1974. Aí trabalhou até o final de seus dias. Atuou também como professor de histologia e embriologia geral da Faculdade de Ciências Médicas de Santos da Fundação Lusíadas.

Humberto Cerruti tornou-se, com o avançar da idade, portador de insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência coronariana e arritmia ventricular, vindo a falecer em 24 de agosto de 1985, quando contava com 80 anos. Foi sepultado no Cemitério do Araçá, na cidade de São Paulo.

Seu nome é honrado com a patronímica da cadeira nº 94 da augusta Academia de Medicina de São Paulo. Dá nome a um prêmio de melhor tema livre da Sumep – Sociedade Universitária Médica de Estímulo à Pesquisa – entidade ligada à Faculdade de Medicina de Sorocaba da PUC-SP, e também dá nome a uma AMA – Assistência Médica Ambulatorial – na Vila Cisper, em Ermelino Matarazzo, na cidade de São Paulo.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Parte do material aqui consignado foi obtida na Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Ovídio Pires de Campos foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por dois mandatos anuais entre 1918-1919 e 1935-1936, e é o patrono da cadeira nº 83 desse sodalício.

Domingos Rubião Alves Meira foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por dois mandatos anuais entre 1905-1906 e 1911-1912, e é o patrono da cadeira nº 51 desse sodalício.

Sergio Florentino de Paiva Meira foi membro fundador e, juntamente com Mathias Vilhena Valadão, os paladinos e estruturadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 1895, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, sodalício que presidiu por dois mandatos anuais entre 1902-1903 e 1909-1910.

Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por dois mandatos anuais entre 1901-1902 e 1906-1907, e é o patrono da cadeira nº 11 desse sodalício.

Adolpho Carlos Lindenberg foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1922-1923, e é o patrono da cadeira nº 22 desse sodalício.

Informação concedida pelo acadêmico Affonso Renato Meira, primeiro ocupante da cadeira nº 5, cujo patrono é Alfonso Splendore.