Jairo Ramos
Jairo de Almeida Ramos nasceu no ano de 1900. Formou-se na sexta turma da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 1923.
Manteve-se ligado à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na época em que as disciplinas de clínica, cirurgia e especialidades da Faculdade de Medicina se utilizavam das dependências e enfermarias desse tradicional hospital.
Formado, Jairo Ramos permaneceu no desempenho da clínica médica frequentando a enfermaria do professor Rubião Meira, do qual se tornou assistente. Manteve-se aí em atividade constante até que a Santa Casa inaugurou o Hospital São Luiz Gonzaga, em Jaçanã, especializado em doenças pulmonares, onde atuou juntamente com outros profissionais, tais como Alípio Correia Neto, Eduardo Etzel e Euryclides de Jesus Zerbini. Tornou-se médico adjunto da Santa Casa e participante das atividades desse hospital, tendo sido posteriormente seu diretor clínico.
Exercia atividade profissional em seu consultório e integrou-se como médico auxiliar no Instituto de Higiene de São Paulo.
Jairo Ramos ingressou na Sociedade de Medicina de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo em 1929, entidade que presidiu entre 1939-1940.
Em 1931, já como assistente de clínica médica da Faculdade de Medicina, nas dependências da recém-inaugurada Associação Paulista de Medicina e sob o patrocínio do Departamento Científico do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Caoc), realizou um curso de eletrocardiografia clínica em 10 aulas, que, em 1935, transformou-se em livro editado pela Cia. Ed. Nacional.
Em maio de 1931 assinou com cerca de outros 500 participantes um manifesto a respeito da situação política em São Paulo. Em seguida tornou-se livre-docente de clínica médica da Faculdade de Medicina.
Em 1933 ocorreram em São Paulo várias reuniões de médicos, das quais Jairo Ramos sempre participou face aos problemas que se tornaram frequentes não só entre os médicos, como entre aqueles que pretendiam ingressar no curso médico – o número de vagas limitadas e a impossibilidade de médicos que desejavam ingressar no ensino médico.
Jairo Ramos e outros médicos assistentes ou integrantes das várias disciplinas da Faculdade de Medicina resolveram pela criação de uma segunda Escola Médica em São Paulo que recebeu o nome de Escola Paulista de Medicina (EPM), de acordo com o Manifesto publicado na imprensa em 6 de junho de 1933.
Dessa época até 1965, Jairo Ramos ocupou inúmeros cargos administrativos na EPM, tendo sido o quarto diretor de 1952 a 1954. Foi professor de propedêutica médica de 1933 a 1965, ocasião em que recebeu o título de professor emérito. Criou, em 1951, o Departamento de Clínica Médica, que modificou o ensino e a prática médica para aqueles que já a integravam ou para os que se formavam.
Com todas essas atividades, em 1930, através da ideia do dr Alberto Nupieri e por proposta da Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Medicina, fundou-se uma Associação Médica: a Associação Paulista de Medicina. Nessa entidade associativa Jairo Ramos também participou ativamente, tendo sido presidente de 1945 a 1952 e de 1955 a 1956.
Em sua gestão, o dr. Fernando Costa, interventor em São Paulo, através de pedido de seu médico particular, dr. Oscar Monteiro de Barros, doou um terreno na Avenida Brigadeiro Luis Antonio. Através de doações particulares de seus associados e empréstimo bancário foi possível construir o prédio que é, hoje, a sua sede própria, inaugurada em 1950.
Em 1948 Jairo Ramos foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Cardiologia, sendo seu presidente de 1955 a 1956. Foi também editor fundador dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia de 1948 a 1953. Em 1951 participou da criação da Associação Médica Brasileira e da Revista Brasileira de Medicina e, em 1956, do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
Foi também sócio fundador da Associação Brasileira de Escolas Médicas. Em 1957 lançou o livro de Atualização Terapêutica com os professores Felício Cintra do Prado e José Ribeiro do Valle, que já atingiu 198 edições.
Pode-se concluir pelas suas características constantes e jamais modificáveis que o professor Jairo de Almeida Ramos era ríspido, enérgico, autoritário e disciplinador. Faleceu em 1972.
NOTAS:
Esta biografia é uma autoria do Acad. Nelson Roque Paladino, titular e emérito da cadeira nº 75 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Jairo de Almeida Ramos.
Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.
