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Biografia

Maria de Lourdes Mendes Carneiro Pinheiro Franco

Maria de Lourdes Mendes Carneiro Pinheiro Franco nasceu em São Paulo (SP), aos 10 de março de 1946, na Pro Mater Paulista. É Filha de João Mendes Carneiro, procurador de Justiça, e de Maria Wilma Catão Mendes Carneiro, professora primária. 

É casada com Luiz Fernando Pinheiro Franco, neurocirurgião, e tem uma filha e dois filhos. Descende em linha direta de vários personagens significantes na história do Brasil , entre os quais: cacique Tibiriçá-tupiniquim, maioral de Piratininga, com Nóbrega e Anchieta levantou o Colégio de São Paulo; João Ramalho, português, chegou ao Brasil em 1508, colonizador de São Paulo; Bartira, filha de Tibiriçá, mulher de João Ramalho, batizada por Anchieta, “mãe dos paulistanos”; Domingos Luiz, fundador do Convento da Luz, casado em segundas núpcias com a filha de Pedro Álvares Cabral; Amador Bueno da Silveira, paulista, “o homem que não quis ser rei”; Miguel de Godoy Moreira e Costa, presente ao Grito do Ipiranga, em 1822; Balthazar da Veiga, bandeirante com Fernão Dias Pais; Bartholomeu da Cunha Gago, bandeirante com Fernão Dias Pais; Jerônimo da Veiga, bandeirante paulista; Matheus da Costa Pinto, fundador de Campos do Jordão; Antonio Bicudo Leme, fundador de Pindamonhangaba; Braz Cardozo, fundador de Mogi das Cruzes; Gaspar Vaz Guedes, genro do anterior, bandeirante com Raposo Tavares. 

Maria de Lourdes Mendes Carneiro Pinheiro Franco graduou-se pela Faculdade de Medicina de Sorocaba da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo , a mais antiga faculdade de medicina do interior do estado. Na faculdade, Maria de Lourdes teve a benemerência da vida, em ser aluna do professor Walter Edgard Maffei, seu patrono na cadeira no 98 desta insigne Academia de Medicina. Do dr. Maffei escutou muito como NÃO dever-se-ia praticar a medicina, visto que “o que se deve fazer está nos livros”. O uso indiscriminado de corticosteroides e de antibióticos pelos médicos era “martelado” em todas as suas aulas na mente de seus alunos. 

Observadora e intuitiva especializou-se em pediatria e neonatologia, sendo aprovada na residência médica de pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1971. Estagiou na neonatologia do Departamento de Pediatria do Hospital Pérola Byington (berçário, enfermaria e pronto-socorro), em 1969 e 1970. Estagiou na Casa Maternal Leonor Mendes de Barros, Serviço de Prematuros, em 1970. É especialista em pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria e membro efetivo. Foi médica concursada no Departamento de Perícias Médicas de São Paulo, atuando por 27 anos na área de pediatria (5/8/1983 a 26/2/2009). 

A história da luta desta doutora, médica de crianças e de bebês enfatiza-se na amamentação materna, com sua implicação na importância no início da vida do sujeitobebê, quando ele sente-se totalmente desamparado e é totalmente dependente do ambiente. Esse ambiente é representado principalmente por sua mãe. Deve haver experiências objetivas e subjetivas positivas para o bebê, sobre as quais se apoiarão mais tarde (nas fases: familiar, escolar, adolescência, trabalho) as experiências subjetivas do sujeito-indivíduo – célula da sociedade civilizada. Essas experiências subjetivas e objetivas iniciam-se nos seis primeiros meses de vida e do contato mãebebê. Aos seis meses de vida é quando o bebê inicia seu processo subjetivo de percepção de que as pessoas, assim como todo o mundo ao seu redor já estavam lá ANTES e independentemente de sua presença. Esses seis primeiros meses formam o caráter e a personalidade do ser humano. É de suma importância, portanto, que haja os 180 dias iniciais de contato da mãe com o seu bebê. Se a amamentação for de quatro meses, as experiências subjetivas no binômio serão truncadas, abortadas e as consequências sociais para esse ser virão inevitavelmente em sua vida futura de cidadão. Daí a importância de se estender a licença maternidade de 120 para 180 dias 

A dra. Maria de Lourdes foi uma pioneira na luta por essa grande conquista social. Sua luta de cada dia no Departamento de Perícias Médicas de São Paulo, na rua, no seu consultório particular, na medicina de grupo em que trabalhou foi constante, incansável e árdua para fazer valer os direitos das mães em amamentar seus bebês, tornando-a uma candidata adequada para ocupar uma cadeira na veneranda e honrada Academia de Medicina de São Paulo. Não havia a quem a dra. não proferisse suas palavras acerca do valor biopsicossocial que havia em dar ao binômio mãe-bebê sua única oportunidade na vida de criar vínculos sólidos, primeiramente do bebê com sua mãe (o primeiro objeto de Amor de todo Ser Humano) e, como corolário: o bebê desenvolveria a capacidade de criar mais facilmente no seu futuro, vínculos adequados na sociedade (família, escola, trabalho, sociedade). Com o tempo de amamentação aumentado para seis meses, haveria uma possibilidade real para a criança de ter saúde biopsicossocial, diminuindo as inevitáveis faltas que surgem no decorrer da vida, pois, essa criança no prolongamento do contato com a mãe, desenvolveria seu potencial criativo de amor que amenizaria seus possíveis fracassos; e seria esteio para frustrações futuras na adolescência, nas carências da vida adulta, tornando-o mais saudável ou menos doente. Essa sempre foi sua maior crença (baseada na obra de S. Freud, Melanie Klein e D. D. Winnicott), sua intensa luta e sua maior esperança que se concretizaram em Lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 10/9/2008. A Lei entrou em vigor em 2009. O projeto de lei foi da senadora Patrícia Saboya e foi elaborada por Dioclécio Campos Junior, então presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A mulher passou a ter seis meses para manter amamentação exclusiva, o que antes era incompatível com a licença de quatro meses. São Paulo foi o último estado a integrar o aumento dos dias de amamentação às suas funcionárias a partir do 8o mês de gestação: lei sancionada pelo governador José Serra 27/2008, que é extensiva às funcionárias que adotarem crianças até sete anos de idade.

Passando a ter grande interesse pela complexidade da mente da criança fez sua formação psicanalítica: no Instituto de Estudos e Orientação da Família (Inef, 1995- 1997) como psicoterapeuta de formação psicanalítica (três anos); leitura da obra de S. Freud com a psicanalista Ligia Todescan Lessa Mattos da Sociedade de Psicanálise de S. Paulo (um ano – agosto de 1994 a dezembro de1995); no Instituto Sedes Sapientae (quatro anos – 1998 a 2001); e psicanalista pelo Departamento de Psicanálise da Criança. 

Monografia apresentada no final da formação: Do Caos ao Olimpo: Interfaces de Considerações Psicanalíticas sobre o Desenvolvimento Emocional Primitivo In Winnicott. Tem inúmeros trabalhos escritos na área de psicanálise da criança durante seus anos de formação. 

Maria de Lourdes Mendes Carneiro Pinheiro Franco teve consultório particular onde atendeu adultos, adolescentes e crianças. 

Foi membro da Comissão Coordenadora Geral (CCG) do Departamento de Psicanálise da Criança do Instituto Sedes Sapientiae no biênio 2001-2002. No mesmo período foi suplente de coordenador do Núcleo de Departamentos do mesmo Instituto. É membro fundador da Rede de Atendimento Psicanalítico do Instituto Sedes Sapientiae

É acadêmica da Academia de Letras de Campos do Jordão, cadeira no 5, cujo patrono é Nelson Rodrigues pela recuperação do nome do fundador da cidade, seu tetravô Matheus da Costa Pinto; pelas conquistas de cidadania na cidade e pela apresentação de seus escritos psicanalíticos em oito anos de formação. 

Sua gama de interesses epistemológicos levou-a a transitar pela pediatria e a psicanálise de criança, permeando-as com incontáveis participações em congressos, simpósios, mesas-redondas, grupos de estudos, palestras, conferências, reuniões clínicas, jornadas temáticas e seminários nas áreas acima mencionadas. Extraiu não só conhecimentos, mas, acima de tudo, sabedoria para levá-la à clínica com criança e, às crianças de um modo geral no seu dia a dia. A dra. Maria de Lourdes gostava da verdade mas, não a qualquer preço, senão esta torna-se psicose ou até perversão. 

A verdade na ciência, na arte ou na vida tem-se que aprendê-la e passá-la para os outros, mas com gentileza, é o que pensou e pensa com o correr dos anos a dra. Maria de Lourdes Mendes C. P. Franco, médica pediatra e psicanalista de criança.

NOTAS: 

Biografia e foto foram fornecidas pelo autor.

Pequenas inserções e adaptações do texto ao perfil desta secção, assim como as notas de rodapé foram feitas pelo Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Fonte: Genealogia Paulistana – Silva Leme e Documentos da Época. 

Fundada em 27 de setembro de 1946.