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Biografia

Mario Ottoni de Rezende 

Mario Ottoni de Rezende nasceu em Leopoldina (MG) no dia 1o de julho de 1883. Fez o curso primário com os jesuítas no Colégio São Luiz, na cidade de Itú (SP), e o curso secundário no Colégio Nogueira da Gama, na cidade de Jacareí (SP). 

Partiu para o Rio de Janeiro onde se graduou pela Faculdade Nacional de Medicina em 1906, versando sua tese sobre Balneoterapia nas Infecções Agudas. 

Iniciou sua vida profissional em Sales de Oliveira, município perto de Ribeirão Preto (SP), onde permaneceu durante cinco anos. Em 1910 realizou sua primeira viagem à Europa, aprimorando-se em cirurgia e urologia. 

Em 1912 resolveu radicar-se na cidade de São Paulo, onde trabalhou como médico adjunto da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo ao lado de Benedicto Montenegro, Sergio Meira Filho e Francisco Salles Gomes Júnior. 

Em 1916 decidiu se dedicar à otorrinolaringologia, passando a trabalhar com o professor Henrique Lindemberg, aprendendo com ele os fundamentos da especialidade. Em 1921 realizou nova viagem à Europa, agora, para se aperfeiçoar nessa especialidade, tornandose um renomado profissional. Assim, esteve no Hospital Charité com Seiffert, primeiro assistente do afamado professor Killian, que tinha há pouco tempo falecido. Frequentou ainda cursos com os professores Passow, Beyer e Brühl, aprimorando seus conhecimentos otológicos. Com o professor Weingartner aprendeu a manejar o broncoscópio de Brünnings para intervenções na árvore respiratória e digestiva e, por fim, esteve com Halle, renomado rinologista, com quem aprendeu sua técnica de abordagens endonasais. 

Após produtivo estágio em Berlim seguiu para Viena, onde conheceu os grandes mestres da otologia. Aí frequentou a célebre clínica do professor Neumann. 

Em 1922 voltou a São Paulo, retornando ao Serviço de Otorrinolaringologia chefiado pelo professor Lindemberg. Henrique Lindemberg, primeiro chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1913-1928), foi substituído pelo professor Schmidt Sarmento (1928-1933) e, com sua morte, assumiu a chefia Mario Ottoni de Rezende (1933-1955) que formou numerosos discípulos. Possuía uma das mais ricas bibliotecas da especialidade. 

Ottoni de Rezende com Homero Cordeiro fundaram, em 1933, a Revista de OtoLaringologia de São Paulo que, futuramente viria a ser chamada Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Era seu editor e redator responsável. Inúmeros foram os trabalhos de sua autoria. 

Em 1922 publicou o livro Fisiopatologia do Aparelho Vestibular, no qual expôs de modo compreensível os estudos e experiências de Barany sobre o nistagmo e canais semicirculares, temas candentes à época. 

Mario Ottoni de Rezende teve a honra de presidir a Sociedade de Medicina de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo durante um mandato anal entre 1936-1937, sendo também honrado como patrono da cadeira 126 desse sodalício. 

Em 5 de janeiro de 1946 pediu demissão da chefia do ambulatório de otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, alegando que essa função “deveria ter caráter rotativo para que os jovens pudessem mostrar suas qualidades de dirigentes e incutir nos serviços o espírito moço e sadio, necessário ao progresso da ciência médica”. Apesar de sua convincente argumentação, seu pedido não fora aceito na época. Finalmente, em 21 de março de 1953, contando com quase 70 anos, apresentou seu segundo pedido de demissão, sendo dessa vez, aceito. Foi sucedido pelo professor J. Eugênio Rezende Barbosa (1955-1969). 

No dizer de José Soares Hungria Filho, Mário Ottoni de Rezende “foi um grande professor sem cátedra, de elevada estatura moral e científica; franco e sincero, ensinando com prazer, mas exigindo frequência e pontualidade dos seus auxiliares no horário”. 

Na efeméride de seu 70o aniversário, seus colegas e amigos prestaram-lhe significativas homenagens na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Sílvio Marone sintetizou a têmpera de Ottoni de Rezende, grande vulto da otorrinolaringologia brasileira, em duas palavras: “estudo e trabalho”, virtudes que lhe garantiram seu êxito. 

Da mesma forma, por ocasião de seu septuagésimo aniversário, a Revista Brasileira de Otorrinolaringologia (janeiro-fevereiro, 1954) dedicou-lhe um número especial, uma justa e merecida homenagem pela sua brilhante atuação no domínio da especialidade desde 1916. 

José Soares Hungria Filho uma vez mais disse de Mário Ottoni de Rezende: “Ele foi um homem de grande envergadura moral, de infatigável capacidade de trabalho e de lúcida inteligência, procurando sempre através de seus ensinamentos e rígida linha de conduta, dar aos que dele se cercavam alta consciência profissional e moral”. 

Mário Ottoni de Rezende faleceu na cidade de São Paulo em 1969. O Centro de Estudos de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo leva seu nome, assim como uma rua no bairro de Capivari do município de Campos do Jordão (SP). 

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.