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Biografia

Nemésio Bailão

Nemésio Bailão nasceu em 10 de agosto de 1909, em Taiuva (SP). Era filho de Manoel Lourenço Bailão e de Conceição Domingues Bailão.

Graduou-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro, em 1934. Durante o curso médico tomou parte ativa na Revolução Constitucionalista de 1932.

Começou a clinicar em Pirangi (SP), onde também se dedicou à vida política, sendo vereador e presidente da Câmara Municipal desse município.

Transferiu-se em seguida para a capital paulista, onde conquistou grande círculo de amizades, sendo muito estimado e sabendo corresponder com grande generosidade. Juntamente com colaboradores ministrou cursos como o de “Medicina de Urgência”, sob o patrocínio do Departamento Científico do Centro Acadêmico Oswaldo Cruz.

Bailão tornou-se o primeiro diretor clínico do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), e trouxe para nele trabalhar nomes de grande destaque do Hospital das Clínicas, tais como: Arthur Wolff Netto, ginecologista; Waldemar Henrique Cardim, berçarista; Reynaldo Chiaverini, clínico; Eugenio Mauro, cirurgião; assim como numerosos ex-residentes que se tornaram famosos profissionais, como Angelita
Gama, Conceição Mattos Segre, Anói Cordeiro, Hartmut Grabert; e médicos do porte de Evaldo Melo dentre tantos outros.

Prescindindo de pendores políticos, mas imbuído de grande patriotismo, Nemésio Bailão viu-se envolvido nos acontecimentos que precederam a revolução militar de 31 de março de 1964, tomando parte ativa de sua preparação.

Por ser um ilustre médico com muita penetração social, além de possuidor de grande clínica, tornou-se um dos grandes elos de ligação entre civis e militares que enfrentaram a onda comunista que ameaçava o País, motivada também pela grave situação política desencadeada pelo governo de João Goulart. Em sua residência reuniram-se inúmeras vezes os principais líderes do Exército brasileiro, que vinham estabelecer contatos com os oficiais do II Exército. Apesar de saber que era passível de represálias do governo federal, jamais renunciou sua moradia e sua própria pessoa à causa da redemocratização republicana da nação. Ao contrário, assumiu a responsabilidade de arrecadar recursos a essa causa, concentrando em suas mãos o dinheiro que dispunham os conspiradores para o preparo da Revolução de Março.

Todo esse esforço minou-lhe ainda mais sua saúde, que já era precária. Ademais, a grande decepção que teve com os desvios nas diretrizes dos desdobramentos do Golpe Militar o levou a morte.

Nemésio Bailão (Figura 2) foi casado com Tereza Iracema Cividanes Bailão e teve uma filha, Iracema Conceição Cividanes Bailão. Faleceu na cidade de São Paulo, em 9 de março de 1966, aos 56 anos. Seu corpo foi velado no Hospital do Servidor Público Estadual, onde atuava como diretor da Divisão Médica. A missa de sétimo dia foi celebrada na Igreja de Santa Teresinha, no bairro de Higienópolis.

Nemésio Bailão é honrado como patrono da cadeira nº 28 da augusta Academia de Medicina de São Paulo; dá nome a uma rua da capital paulista, no bairro Butantã, e a um imponente anfiteatro no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo. O Centro de Estudos desse hospital também criou um prêmio que levou o seu nome, destinado a distinguir importantes trabalhos científicos lá produzidos (Figura 3).

Certificado do Prêmio Nemésio Baião referente ao ano de 1974, conferido ao dr. Renato Andretto pelo trabalho “Bloqueios Seletivos Experimentais das Vias Internodais de Condução no Cão”. Esse trabalho publicado em literatura inglesa e teve repercussão internacional. Figura obtida na biblioteca do HSPE.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

A foto inicial foi conseguida com a filha de Nemésio Bailão, senhora Iracema Conceição Cividanes Bailão, pela acadêmica Conceição Aparecida de Mattos Segre, primeira ocupante da cadeira no 28 da Academia de Medicina de São Paulo.

A maior parte dos dados aqui consignados foi gentilmente fornecida pela sra. Shirley Bertho dos Santos da Secção de Denominação de Logradouros do Arquivo Histórico Municipal da Prefeitura de São Paulo.

Oswaldo Gonçalves Cruz é o patrono da cadeira nº 99 da Academia de Medicina de São Paulo.

O Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) teve sua pedra fundamental lançada em 5 de janeiro de 1957. A obra, executada sob a orientação e fiscalização do dr. Francisco Morato de Oliveira, foi inaugurada em 9 de julho de 1961.

Angelita Habr Gama é membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo.

Conceição Aparecida de Mattos Segre é membro titular e emérito da cadeira nº 28 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Nemésio Bailão.