PortugueseEnglishSpanish
Biografia

Octávio de Carvalho

Octávio de Carvalho nasceu aos 9 de julho de 1891, em São Carlos do Pinhal, na primitiva Fazenda do Canxim que, posteriormente, tornou-se fazenda modelo do governo do estado de São Paulo.

Graduou-se, em 1915, pela Faculdade Nacional de Medicina, na cidade do Rio de Janeiro. Discípulo do professor Miguel Pereira, defendeu tese de doutoramente sobre Febre Tifoide, conquistando com essa monografia o prêmio “Torres Homem”, outorgado pela congregação da faculdade.

Realizou estágios de aprimoramento na Clínica Mayo, nos Estados Unidos da América do Norte, assim como na França, Alemanha e Áustria.

Octávio de Carvalho foi o grande protagonista da criação da Escola Paulista de Medicina (EPM), hoje, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sonho concretizado em 15 de junho de 1933, e tendo como cofundadores os professores Afrânio do Amaral, Antônio Carlos Pacheco e Silva, Marcos Lindenberg, Otto Bier e Pedro de Alcântara.

Durante os primeiros dois anos, a EPM foi estabelecida na Rua Oscar Porto, nas dependências do antigo Colégio Dulley, na Vila Mariana. Em 1935, Octávio de Carvalho conseguiu com o então diretor da Caixa Econômica Federal de São Paulo, Samuel Ribeiro, fundos para a aquisição da Chácara Schiffini, situada na Rua Botucatu, no bairro de Vila Clementino. Aí fora planejado o futuro Hospital São Paulo, não somente necessário à formação acadêmica, mas também imprescindível a que a novel escola obtivesse reconhecimento perante o Conselho Nacional de Educação.

Segundo seu biógrafo Carlos da Silva Lacaz, “graças ao apoio recebido de dona Maria Tereza Nogueira de Azevedo, em 75 dias estava pronto o Pavilhão que levou seu nome, sede provisória do Hospital São Paulo, no qual se instalaram 100 leitos e o laboratório central.

Visando elevar o nível dos estudos e das pesquisas, a escola fez vir da Alemanha o professor Walter Büngeler que, durante cinco anos, realizou trabalho dos mais profícuos.

As obras do Hospital São Paulo, projetadas para 12 andares com 800 leitos, foram iniciadas em 1936. Em 1938 a Escola Paulista de Medicina era oficialmente reconhecida. A primeira turma diplomada pela escola, colou grau em dezembro de 1938, sendo orador o doutorando Celso Menzel de Godoy.”

Em 1956, apenas 23 anos após sua fundação, a EPM foi federalizada, ocasião em que foi oficializado todo o corpo docente dessa renomada instituição de ensino.

Octávio de Carvalho não somente foi fundador, diretor, esteio e o consolidador da EPM, mas, dentre o corpo docente, atuou na cátedra de clínica médica, deixando-a em 9 de julho de 1961, compulsoriamente, por ter atingido a idade limite de 70 anos, prevista pela Constituição Federal.

Octávio de Carvalho publicou diversos trabalhos, particularmente sobre úlceras gastroduodenais, hipertensão arterial e um novo método para o diagnóstico radiológico de apendicites.

Felipe Figliolini, seu contemporâneo de profissão, assim se expressou sobre Octávio de Carvalho: “Para tudo imaginava uma diretriz salvadora; para tudo criava e combinava a medicação heroica. Aquilo que para nós não passava de paisagem luscofusco, onde mal delineávamos contornos esvaídos, era para ele claro, diáfano, lógico, coisa resolvida”.

Octávio de Carvalho transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro após a sua aposentadoria, onde publicou o livro História da Escola Paulista de Medicina (1969, Editora Borsoi, 48 páginas). Aí faleceu em 1973, octogenário.

Fauze Carlos, médico e ex-secretário de Estado da Saúde dos governos de Jânio Quadros e de Carvalho Pinto, referiu que ele “nunca deixou de ser o grande, o incorrigível sonhador. Tudo nele significava luta, ação, iniciativa, impacto, crença, esperança, trabalho, controvérsia – numa palavra: mocidade. Individualidade e senso social: eis o sentido da existência e obra do professor Octávio de Carvalho.

Emérito professor de clínica médica, transmitiu a várias gerações a segurança de sua mais alta competência. A dívida de gratidão de São Paulo a Octávio de Carvalho, dificilmente poderá ser resgatada. Seu nome estará gravado para sempre como um dos maiores vultos do ensino médico no Brasil, tal a projeção que esse modelar estabelecimento granjeou no decorrer dos anos, atravessando as idades de nosso Estado. A sua vida passou, mas a sua obra e sua memória permanecerão imorredouras para a posteridade.”

A EPM perenizou Octávio de Carvalho com um monumento em sua homenagem. Seu nome é também honrado como patrono da cadeira no 2 da augusta Academia de Medicina de São Paulo, e com uma rua no bairro São José da capital paulista.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria de Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Afrânio do Amaral foi diretor do Instituto Butantan e pertenceu a Academia Paulista de Letras.

Antônio Carlos Pacheco e Silva foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1933-1934, e é o patrono da cadeira nº 127 desse sodalício.

Otto Guilherme Bier é o patrono da cadeira nº 104 da Academia de Medicina de São Paulo.

Carlos da Silva Lacaz foi presidente da Academia de Medicina de São Paulo por um mandato anual entre 1962-1963, e é o patrono da cadeira nº 75 desse sodalício.