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Biografia

Paulino Watt Longo

Paulino Watt Longo, mais conhecido como Paulino Longo, nasceu na cidade de São Paulo, em 7 de junho de 1903. Era filho de José Watt Longo e Rosa Gioso Longo.

Graduou-se, em 1925, pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Com a prematura morte do catedrático Enjolras Vampré, em 1938, seus assistentes Adherbal Tolosa, Paulino Watt Longo e Oswaldo Lange lutaram para que a escola
permanecesse coesa. Juntos permaneceram e juntos decidiram. Adherbal Tolosa conquistou, por concurso, a cátedra de neurologia da FMUSP. Paulino Longo, também por concurso, conquistou em 1938, a cátedra de neurologia da Escola Paulista de Medicina, (EPM), hoje, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que iniciava seus passos e que, prematuramente, também perdera nesse mesmo ano seu primeiro professor de neurologia, Fausto Guerner.

Paulino Longo foi aprovado com distinção e se dedicou inteiramente à formação de uma escola de especialistas, de onde saíram nomes ilustres que pontificaram no ensino e na prática da neurologia. Por sua iniciativa foi criado o “Instituto de Neurologia e de Neurocirurgia” na Escola Paulista de Medicina.

Da mesma forma, o trio de sucessores de Enjolras Vampré decidiu criar um periódico – Arquivos de Neuropsiquiatria – para “divulgar os frutos do labor científico oriundos da bifurcação que resultou da vitalidade da árvore plantada por Enjolras Vampré”, como escreveram Adherbal Tolosa e Paulino Longo na qualidade de professores catedráticos de neurologia, apresentando o primeiro número da revista.

Nesse texto escreveram ainda que determinaram unir seus esforços para prestigiar em todos os sentidos a nova publicação, que surgiu sob a direção de Oswaldo Lange, “a cujos esforços e perseverança se deve a transposição de inumeráveis obstáculos iniciais que dificultam, quando não impossibilitam, entre nós, uma realização desta natureza. Foi, sem dúvida, à sua tenacidade, alimentada pela certeza de servir a um elevado ideal que se deve sua publicação”. Assim, eles vaticinaram o futuro do periódico levando em conta os traços da personalidade do colega dentre eles escolhido e por eles integralmente apoiado para levar avante tão grande empenho.

Como editor, Oswaldo Lange reservou o espaço da revista para contribuições de cunho científico e técnico. Só raramente inseriu matéria de sua autoria. Seus dois companheiros, Longo e Tolosa, são o motivo de dois desses textos. Em 1967 apareceu uma homenagem à memória de Paulino Longo e, em 1969, uma homenagem a Adherbal Tolosa, quando de sua aposentadoria compulsória.

Paulino Longo publicou mais de 250 trabalhos e atuou como relator em diversos eventos neurológicos internacionais, destacando-se o Congresso Internacional de Psicocirurgia em Lisboa, em 1948; o Congresso Internacional de Bruxelas, em 1953, e o Congresso Panamericano de Neurologia, realizado em Lima, em 1964.

Foi sócio honorário e correspondente de inúmeras sociedades médicas e europeias, além de ter colaborado em diversas revistas da especialidade.

Ao aposentar-se, em fevereiro de 1967, após anos de magistério, recebeu da congregação da Escola Paulista de Medicina o título de professor emérito. Conquistou por essa ocasião honroso prêmio, o de ver seu nome incluído na “Ordem do Mérito Médico”, na classe de Grande Oficial, por decreto do presidente da República.

Paulino Watt Longo faleceu 16 de setembro de 1967, aos 64 anos, no mesmo ano em que se aposentou.

Em 5 de fevereiro de 1968, o Departamento de Neurologia da EPM prestou ao professor Paulino Longo justas homenagens, tendo o professor Fernando de Oliveira Bastos enaltecido em palavras repassadas de saudade, a vida e a obra de seu dileto mestre e amigo. Bastos foi, na realidade, um desses privilegiados que o conheceram de perto, desfrutando de sua companhia por muitos anos desde quando, em 1932, terminava o seu curso médico e já o encontrara como assistente da clínica neurológica e psiquiátrica da FMUSP; depois num contato diuturno de quase 20 anos (1938-1956) quando ele foi diretor da Seção de Moléstias Nervosas e Mentais do velho Instituto Paulista.

Paulino Longo – registra com razão Fernando de Oliveira Bastos – “foi um homem sábio, bom e exemplar, na admiração de que se fez credor, na imensa recordação que nos deixou. Foi também o companheiro certo das horas boas e das hortas más. Ele foi, sem nenhuma dúvida e acima de tudo, um grande clínico, e lhe sobravam os requisitos para que o fosse dos melhores, não só pelo lastro de seus conhecimentos, mas por seu espírito humanitário, pela sua natural sociabilidade e pela sua marcante personalidade. Chefe exemplar, se comprazia com o progresso e incentivava seus discípulos, sentindo-se feliz ao vê-los galgar posições ou receber o prêmio de seus esforços. Modestamente se esquivava de aceitar o merecido quinhão que lhe cabia, por ter sido o verdadeiro artífice desses méritos”.

Carlos da Silva Lacaz, seu biógrafo, refere-se que ele foi sempre “uma das mais respeitadas figuras na especialidade da qual era cultor apaixonado desde os bancos acadêmicos. Viveu estudando, ensinando e socorrendo sempre, com a mesma dedicação, a ricos e humildes”.

Paulino Watt Longo é honrado como patrono da cadeira nº 85 da augusta Academia de Medicina de São Paulo, além de dar nome a um anfiteatro na Faculdade de Medicina da Unifesp.

NOTAS:

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

Enjolras Vampré foi presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, durante um mandato anual entre 1921-1922, e é o patrono da cadeira nº 54 desse sodalício.

Adherbal Pinheiro Machado Tolosa foi presidente da Academia de Medicina de São Paulo durante um mandato anual entre 1960-1961, e é o patrono da cadeira nº 25 desse sodalício.

Oswaldo Lange é o patrono da cadeira nº 119 da Academia de Medicina de São Paulo.

Carlos da Silva Lacaz foi presidente da Academia de Medicina de São Paulo durante um mandato anual entre 1962-1963, e é o patrono da cadeira nº 53 desse sodalício.