Tertúlia Acadêmica de julho aborda “Cirurgia Minimamente Invasiva”

A cirurgia minimamente invasiva vem ganhando um amplo espaço de destaque na Medicina em função da sua praticidade e dos benefícios fornecidos aos pacientes submetidos a tais procedimentos. Para falar mais sobre o tema, a Tertúlia Acadêmica da Academia de Medicina de São Paulo recebeu, na última quarta-feira (16), o acadêmico Bruno Zilberstein.
O presidente da AMSP, Helio Begliomini, relembrou a notável atuação profissional do palestrante. “Ele se graduou na renomada Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, onde se dedicou à área cirúrgica e fez carreira universitária. Já presidiu o Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, a Associação Brasileira de Câncer Gástrico e a International Society of Gastric Cancer.”
Zilberstein define a cirurgia minimamente invasiva como a maior mudança de paradigmas do fim do século XX e início do século XXI. “Nós saímos das grandes incisões para resolver um mesmo tumor com uma simples punção. Isso, de fato, mudou a evolução da cirurgia nos últimos tempos.”
De acordo com o especialista, um procedimento invasivo se define como aquele que rompe a pele ou entra em uma cavidade corpórea. Sobre a cirurgia minimamente invasiva, ele destaca que há uma série de definições que explicam o que é o procedimento. “É um método para realizar procedimentos cirúrgicos com a menor agressão possível, por meio da manipulação indireta de estruturas em um ambiente confinado.”
O médico também explicou que a diferença entre cirurgia minimamente invasiva e cirurgia convencional é a democratização do aprendizado. “Porque todos nós passamos a ter acesso a esta visão, toda equipe participa e, com isso, nós podemos minimizar os riscos cirúrgicos e manipular adequadamente as estruturas. Trata-se de uma interface visual, em que toda a equipe tem acesso.”
Abrangência
A abrangência da cirurgia minimamente invasiva já pode ser observada em diferentes áreas, como na cirurgia cardíaca, torácica, abdominal, urgências, cardiovascular, ortopédica, de cabeça e pescoço, otorrinolaringológica, pediátrica, plástica, das vias biliares e pâncreas, do esôfago, entre outras. Além disso, esta modalidade também traz a possibilidade de reduzir custos, morbidade e mortalidade.
“Nós dependemos de equipes treinadas e equipamentos adequados para poder aplicar esse método tão vantajoso. Desta maneira, temos vários benefícios em termos de diminuição de resposta inflamatória, de dor e de complicações. Do ponto de vista estético, a cirurgia minimamente invasiva deixa muito menos cicatrizes e, com ela, nós reduzimos o tempo de internação e conseguimos operar um número maior de pacientes do que se utilizássemos a cirurgia convencional”, detalha.
Para o palestrante, as desvantagens da modalidade, na verdade, podem ser vistas como desafios – por exemplo a resistência em utilizar esse formato cirúrgico. “É evidente a necessidade de que o cirurgião se recicle. No Brasil, apenas 30% das colecistectomias são feitas por vias minimamente invasivas, apendicectomias não chegam a 3% e colectomias não chegam a 15%. É um caminho muito longo e nós temos que persistir no ensino e na transmissão de conhecimentos.”
Zilberstein salienta que os estudos na área estão se expandindo e apenas evidenciam as vantagens de procedimentos minimamente invasivos. Em sua opinião, a tendência é a popularização da cirurgia robótica, Telemedicina, realidade aumentada e novos procedimentos.
Ele também aproveita para relembrar a ascensão da cirurgia robótica no País. “No Brasil, nós já temos 100 robôs. Eu tive a oportunidade de realizar uma colecistectomia em um porquinho em Orlando estando aqui em São Paulo, mostrando a possibilidade, agora, de cirurgias a distância – o que, provavelmente, vai incrementar o uso da robótica.”
Finalizando, Bruno manifestou que o treinamento tem que ser continuado, mostrando a transversalidade do ensino, sem deixar de oferecer capacitação e atualização aos estudantes e cirurgiões. “Em um artigo que publicamos há um tempo, definíamos o cirurgião digestivo do futuro como aquele que integra cirurgia, endoscopia e radiologia intervencionista. Hoje é um talvez, mas o futuro será, certamente, minimamente invasivo.”
Texto: Comunicação – Associação Paulista de Medicina (Adaptado)
Fotos: Academia de Medicina de São Paulo – Direitos Autorais Reservados


