Tertúlia da AMSP discute Transplantes renais e suas modalidades

Hoje em dia, estima-se que mais de 10% da população dos países desenvolvidos convive com algum grau de doença renal crônica, e com uma parcela desses pacientes evoluindo para a fase terminal – que precisa de transplante ou diálise. Por conta disso, a Academia de Medicina de São Paulo dedicou a sua tertúlia de agosto para falar sobre os transplantes renais e suas modalidades. O evento teve como convidado o Acadêmico e nefrologista Elias David Neto.
O presidente da AMSP, Helio Begliomini, relembrou um pouco da trajetória profissional do palestrante. “Elias é formado pela Faculdade Ciências Médicas de Santos, fez residência no Hospital das Clínicas em Clínica Médica e depois em Nefrologia, participou de diversas publicações do livro de “Atualidades em Nefrologia”, presidiu a Associação Brasileira de Transplantes e Órgãos (ABTO) e fundou a International Pediatric Transplant Association (IPTA).”
Transplante x Diálise
Elias Davi Neto iniciou sua apresentação comparando a sobrevida de pacientes em diálise com a de pacientes transplantados. De acordo com um estudo feito pela Clínica de Nefrologia e Transplante Renal do Tatuapé, depois de oito anos, somente 30% dos pacientes em diálise sobrevivem.
Embora o transplante renal seja uma alternativa para esses pacientes, o especialista esclareceu que, nos primeiros 90 dias após a cirurgia, o risco de mortalidade é três vezes maior do que se permanecessem em diálise.
No entanto, o transplante oferece uma expectativa de vida maior e uma melhora considerável na qualidade de vida. Tanto que, hoje em dia, existe uma Olimpíada voltada para pessoas transplantadas, conhecida também como ‘Jogos Mundiais para Transplantados’ (World Transplant Games).
Em números absolutos, o Brasil se destaca como o quarto país no mundo em números de transplantes renais, superado apenas por Estados Unidos, China e Índia. Em 2024, foram realizados 6.297 transplantes no País, com os estados de São Paulo (1.873), Minas Gerais (774) e Rio de Janeiro (589) liderando o ranking.
Apesar desse número, quando se considera a taxa de doadores efetivos, o Brasil ocupa a 24ª posição no ranking global.
Modalidades de transplantes
Elias Davi Neto aprofundou a apresentação, abordando as diferentes modalidades de transplantes. No caso da doação feita por doador falecido, só é possível após a confirmação de morte encefálica e com a autorização da família. O transplante com órgão de um doador falecido que não fazia diálise oferece melhores resultados.
O transplante com doador vivo relacionado, por sua vez, é considerado a modalidade com os melhores resultados. Mesmo sem compatibilidade, pois o órgão não sofre nenhuma lesão de isquemia e repercussão. O acadêmico explicou que, após a doação de um rim, o doador passa a ter imediatamente 50% de sua função renal, mas recupera cerca de 75% da função original em aproximadamente 30 dias. Portanto, o doador não tem problemas futuros.
Por fim, o Xeno Transplante é quando se usa órgão de uma outra espécie para a espécie humana. Foi mencionado o uso de órgãos suínos em vez de primatas não humanos, devido ao baixo custo, curto período de gestação e da criação dos suínos.
Ao final da apresentação, Begliomini, agradeceu e saudou a presença de todos.





Texto e fotos: Maria Lima (sob supervisão de Giovanna Rodrigues) – Adaptado por Academia de Medicina de São Paulo.