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Discurso de Posse da Diretoria da Academia de Medicina de São Paulo – 08/04/2011, por Acad. Affonso Renato Meira

11.04.2011 | Tertúlias

Senhoras acadêmicas, senhores acadêmicos.
Perdoais nossas ofensas, assim como nos perdoamos a quem nos tem
ofendido. Faz parte da vida do homem saber perdoar, principalmente
quando se envolve em uma contenda, porque alguns aspectos escapam
involuntariamente, excessos que devem ficar na poeira que baixa depois
da disputa terminada. Na poeira porque esses excessos se existiram,
não foram intencionais. Não cabem ressentimentos. Os derrotados
precisam ter a grandeza de esquecer a derrota, os vitoriosos
necessitam ter humildade de olvidar a vitória. Juntos no templo que é
a Academia de Medicina de São Paulo se faça uma oferenda a Asclépio
”Deus da Medicina” para que ele permita ter a oportunidade de unidos,
com o sentimento elevado para a grandeza da missão a ser cumprida,
labutar para que a sociedade receba o que de melhor possa ser oferecido.
Com o espírito desta confraternização quero saudar e agradecer a
acadêmica Doutora Linamara Rizzo Battistella que me permitiu que
falasse sentado pois ela é mui digna Secretária de Estado dos Direitos
das Pessoas Deficientes que representa o ilustre Governador do Estado
e que toma posse como Diretora de Comunicações da Academia; quero
saudar e agradecer Sua Excelência o ilustre Prefeito da cidade de São
Paulo, Gilberto Kassab, representado pelo acadêmico honorário, nobre
vereador, Doutor Marco Aurélio de Almeida Cunha companheiro de outras
labutas; saudar e agradecer o acadêmico Doutor Pietro Novelino mui
digno Presidente da Academia Nacional de Medicina; saudar e agradecer
o Doutor Renato de Azevedo Junior mui digno Presidente do Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo; saudar e agradecer o
Doutor Jorge Carlos Machado Curi, mui digno Presidente da Associação
Paulista de Medicina que abriga a Academia e que também representa o
acadêmico Doutor José Luiz Gomes do Amaral mui digno Presidente da
Associação Médica Brasileira; saudar e agradecer o acadêmico Doutor
Cid Célio Jayme Carvalhaes, mui digno Presidente do Sindicato dos
Médicos de São Paulo; saudar e agradecer o acadêmico Doutor José Leite
Saraiva mui digno Presidente da Federação Brasileira de Academias de
Medicina, representado pelo acadêmico Doutor Francisco Floripe Ginani,
secretário executivo da Federação Brasileira de Academias de
Medicina; saudar e agradecer o Doutor Roberto Luiz D’Avila mui digno
Presidente do Conselho Federal Medicina, representado pelo Doutor
Renato Françoso Filho. Por último, porém não com menor importância
quero saudar e agradecer o nobre vereador Doutor Marco Aurélio de
Almeida Cunha, membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo,
que possibilitou a abertura das portas para que a Academia aqui
pudesse se abrigar nesta solene festa e assim saúdo e agradeço todos
os demais vereadores desta Câmara e em especial o nobre vereador José
Police Neto por ter concedido a presença da Academia de Medicina de
São Paulo neste Plenário.
Da mesma maneira quero saudar e apresentar o agradecimento as demais
autoridades presentes, como a todos que aqui honram e engrandecem este
evento.
Evento tomado pelo espírito universitário que se vive nos consultórios, nos
laboratórios, nos hospitais, nas salas de aulas, espírito que, emanado dessas
vivências, será a luz a clarear o pensamento das atividades da Academia, como
clareou o pensamento dos médicos de todo país e os de ontem na manifestação
em São Paulo.
É o espírito acadêmico que se confunde com o espírito universitário
que surge de dentro da vocação médica. Esse espírito não é adquirido
pelo conhecimento. E só é compreendido por quem o tenha sentido.
Com esse sentimento a Escola Médica faz entender e conhecer, que a
saúde é um aspecto global, holístico e que um país através sua
sociedade de acordo com sua composição demográfica, sua estrutura
social, sua característica cultural, sua capacidade econômica, sua
tradição histórica, sua extensão geográfica, sua organização jurídica,
seu sistema político, é que deve decidir sobre tipo de sistema de
serviço à saúde a ser estabelecido. O sistema de saúde é o âmago da
atenção à saúde. E que qualquer seja o sistema os recursos empregados
devem ser enfocados também sob o ângulo econômico, assim como os
resultados obtidos. A eficácia, a eficiência e a efetividade do
sistema deverão ser mensuradas. Nesse sentido é preciso entender que
os recursos nacionais que podem ser empregados no setor de saúde não
são ilimitados e devem ser distribuídos em um contexto das
necessidades globais obedecendo às prioridades estabelecidas. Quanto
mais escassos os recursos, imperioso se torna aplicá-los em solução de
problemas de maior prioridade, buscando uma aplicação criteriosa
procurando sempre obter o máximo rendimento com a inversão empregada.
Além disso, é preciso entender que na aplicação dos recursos de um
país, em todos os ângulos da vida social os recursos alocados em
outros setores podem trazer benefícios a saúde da população.
A planificação em saúde, dentro de um plano integral da saúde, e
produto de uma correta política de saúde é reconhecida como a chave
para atingir a mais eficiente utilização dos recursos para incrementar
o estado de saúde de uma comunidade. Um plano nacional de saúde
integra os esforços do setor como parte de uma abordagem compreensiva
e racional do desenvolvimento sócio-econômico de toda nação. A ele,
quando estabelecido, esta concerne não somente a eficiência e eficácia
dos serviços de saúde, mas também os fatores ecológicos, sociais,
culturais, econômicos assim como outros que afetem a saúde das
pessoas. Dentro de um plano de saúde deve ter-se em conta o sistema ou
sistemas que cabe desenvolver. O ideal para a nação é a organização e
a integração de todos os recursos disponíveis para a saúde em um só
sistema capaz de universalizar a atuação integral a saúde e
regionalizar suas decisões de ação conforme as prioridades locais. Os
sistemas de saúde variam amplamente na sua estrutura, desde regimes
capitalistas até regimes estatais onde o Estado assume a
responsabilidade total de proteção, promoção e recuperação da saúde. O
corrente, como o que ocorre neste país, é que esses diferentes
sistemas se sobreponham e se combinem de forma arbitrária e casuística
provocando desperdícios de recursos, duplicação de serviços, elevação
artificial dos custos, disparidade de decisões, confronto de
prioridades, tudo isso com evidente prejuízo da quantidade e da
qualidade da atenção oferecida por cada um de per si e prejudicando a
efetividade dos recursos empregados pela nação no setor. Portanto um
só sistema que ofereça atenção integral a saúde preventiva, curativa e
reabilitadora e que tenha como meta proteger a saúde do homem como
pessoa humana, ou seja, como ser físico, psíquico e social
procurando erradicar os problemas de saúde prioritariamente
escalonados, deve ser o objetivo que o Brasil precisa alcançar. Talvez
assim fosse possível não serem necessárias manifestações como estão
ocorrendo em todo o país, a exemplo da passeata dos médicos paulistas.
Um espírito universitário que se funde com o acadêmico que sublima os
desejos individuais e se volta à grandeza da entidade e congrega e une
os verdadeiros devotos que tem como dogma se dedicarem a missão de
desenvolver uma atenção da melhor qualidade aos que necessitam de
cuidados em aspectos da saúde deve ter essa prioridade. A prioridade
de fazer a medicina servir mais e melhor a população do país.
Este é um propósito grandioso que espero que a união dos acadêmicos
possa oferecer a história de nossos dias. União que se materializou
com a presença maciça dos acadêmicos na eleição desta Diretoria.
Presença que demonstrou quão viva se encontra a Academia. Presença que
estimula e obriga a caminhar mais para o futuro sem esquecer a história.
História que vem pontuada pelos que me antecederam na direção dos
trabalhos acadêmicos e que muito fizeram para que fosse possível
chegar à condição atual.
Que se registre o agradecimento, que faço à acadêmica Yvonne Capuano
que presidiu a instituição nos últimos dois anos e ao acadêmico Luiz
Fernando Pinheiro Franco que presidiu a reformulação da Academia. Ao
acadêmico Luiz Celso Mattosinho França e ao acadêmico Guido Arturo
Palomba, que depois de presidirem a Academia não se recusaram a
continuar prestando suas colaborações em todas as vezes que foram
chamados e que irão ocupar cargos e posições importantes durante o
mandato desta diretoria, faço uma citação especial para agradecer pelo
passado e pelo futuro. Aos citá-los proclamo o reconhecimento ao valor
de todos e de cada um dos demais diretores que me acompanham nesta
andança, sem os quais só o nada seria alcançado.
Antes de terminar quero apresentar a toda comunidade acadêmica que
escolheu esta diretoria para comandar a Academia de Medicina de São
Paulo, o profundo agradecimento pela confiança dada aos que foram
eleitos para cumprirem este mandato e a afirmativa que será realizado
o máximo esforço para serem merecedores da confiança a eles oferecida.
Um muito obrigado à minha esposa e a minha família, não só pelo tempo
que dela foi tomado pelas atividades passadas e futuras exercidas na
Academia, como pelo apoio, estímulo e compreensão.
Finalmente é preciso esclarecer que a diretoria eleita e eu queremos
receber as idéias, os anseios, os desejos, as propostas, os aplausos,
as críticas, as sugestões enfim tudo o que tenha por meta engrandecer
a Academia de Medicina de São Paulo proveniente de qualquer acadêmico.
Entendo que o que é feito pela instituição não necessita ser
registrado como feito de alguém ou do mandato de uma diretoria. Quem
faz engrandece a Academia pela realização e engrandece a si mesmo pelo
feito.
Aos que passaram, aos que estão presentes e aos que se compromissaram
para o futuro, o meu mais profundo agradecimento.