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TERTÚLIA REALIZADA PELA ACADEMIA DE MEDICINA DE SÃO PAULO ABORDOU AS DIFICULDADES EM ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA

05.11.2015 | Tertúlias

A Academia de Medicina de São Paulo (AMSP) realizou, na tarde de terça-feira, 7 de outubro, tertúlia sob o tema “O desafio da atualização dos médicos nos dias de hoje”. A palestra foi proferida pelo professor emérito da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e membro honorário da Academia, Dario Birolini.

O evento ocorreu no Espaço Maracá, no prédio da Associação Paulista de Medicina (APM) e reuniu 27 membros titulares e honorários, sendo coordenado pelo Presidente da AMSP Dr. José Roberto de Souza Baratella. “A tertúlia foi uma grata surpresa, não apenas por ter sido muito bem recebido, mas também pelo interesse que minha apresentação despertou nos presentes e pelo fato de encontrar colegas e amigos com quem compartilho um vínculo há décadas”, comenta o Dr. Birolini.

O palestrante fez uma exposição de tema de grande relevância para os profissionais da área médica, pois é fundamental que o médico se mantenha constantemente atualizado para prestar assistência adequada a seus pacientes. Entretanto, um dos maiores problemas é que, atualmente, divulga-se volume muito grande de informações, o que pode ser um empecilho para quem deseja prestar um bom serviço. É o que o palestrante rotulou como “desafio quantitativo”.

De fato, “por causa da grande quantidade de revistas científicas e também em decorrência da facilidade com que informações são divulgadas através da internet, assim como em congressos e reuniões, o profissional enfrenta um grande desafio, já que frequentemente se depara com milhares de trabalhos focalizados no tema que está pesquisando. Não há médico no planeta que consiga avaliar tanta informação”, afirma o palestrante.

Além disso, há o “desafio qualitativo”. Muitos dos trabalhos publicados podem conter uma série de falhas ou induzir o leitor a interpretações questionáveis. “Existem informações que são claramente falsas e, às vezes, o médico bem intencionado as lê e se deixa influenciar por elas, passando a adotar condutas que podem resultar em prejuízo para o doente. Além disso, não raramente muitos dos artigos e textos são distorcidos para atender às influências da indústria farmacêutica e de equipamentos, de profissionais da saúde ou por uma série de outras razões. O profissional mais jovem e menos experiente, que não tem o espírito crítico necessário para selecionar o que é procedente ou não, acaba transformando-se em vítima destas desinformações”, explica o Dr. Birolini.

Visando superar essas dificuldades e para auxiliar os profissionais envolvidos na assistência, comumente são adotados protocolos e consensos. Muitos esquecem, porém, que tais diretrizes, por serem genéricas, ainda que úteis, podem não servir para todos os pacientes. “A medicina deixou de ser individualizada e passou a ser voltada para grande público, e, para muitos pacientes, as recomendações gerais podem não se aplicar. É claro que é conveniente segui-las como diretrizes, mas adaptando-as às características peculiares de cada doente”, pondera o Dr. Birolini. Aliás, lembrou que há mais de um século, William Osler, médico canadense, afirmava que “muito mais importante do que conhecer a doença que o doente tem é conhecer o perfil do doente que tem a doença”.

O palestrante afirma que esses problemas devem, seguramente, ser discutidos entre os profissionais mais experientes, mas é de extrema necessidade divulgá-los aos recém-formados que já iniciam sua atividade profissional em meio a tanta desinformação. “Para melhorar as consequências desse tsunami de informações, precisamos disseminar a existência destes desafios entre os médicos jovens, para que não se deixem enganar”, conclui o Presidente.