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Biografia

Moacyr Pádua Vilela

Moacyr Pádua Vilela nasceu em Prata (MG), em 13 de agosto de 1922. Era filho de Osorio Vilela e de Alice de Pádua Vilela. 

Graduou-se, em 20 de dezembro de 1947, pela Escola Paulista de Medicina (EPM), hoje, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Nessa tradicional instituição de ensino dedicou-se à carreira universitária, sendo um dos expoentes da gastroenterologia clínica em nosso meio. 

O ensino da gastroenterologia na EPM tem três origens: 1. Felipe Figliolini catedrático de clínica de doenças do aparelho digestivo; 2. Felício Cintra do Prado, gastroenterologista e catedrático da disciplina de terapêutica clínica, ambas cadeiras extintas em 1965; 3. Seção de Gastroenterologia, que se originou embrionariamente em 1943, tornando-se Serviço de Gastroenterologia, em 1947, e se transformando na disciplina de gastroenterologia por ocasião da criação do Departamento de Clínica Médica, em 1951. A disciplina de gastroenterologia foi chefiada por Wladimir da Prússia Gomes Ferraz e contava com Moacyr Padua Vilela, Rubens Xavier Guimarães, Thomaz Imperatriz Pricoli , Marcos Cabeça, Moysés Mincis, Francisco Raposo de Almeida e Francisco dos Santos Rodrigues, entre seus primeiros assistentes. 

Em 1963, Moacyr Pádua Vilela (Figura 2) defendeu tese de livre-docência em clínica médica, através de um estudo sistematizado em hepatopatia intitulado Esplenoportografia Transparietal: Seu Valor na Identificação da Síndrome de Hipertensão Portal (Por Bloqueio Pré e Intra-Hepático) e Avaliação de sua Intensidade e suas Possibilidades para a Comprovação de Varizes Esofagogástricas. Em 1966 assumiu a chefia da disciplina de gastroenterologia, exercendo-a até a sua aposentadoria em 19925 . Em 1971 conquistou a condição de professor titular.

Moacyr Pádua Vilela presidiu a Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo no biênio 1979-1980. Foi um dos membros fundadores da Associação Paulista para o Estudo do Fígado (Apef), entidade criada em 1996; sócio honorário e benemérito da Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD); e membro do conselho consultivo da Fundação Médico-Cultural de Gastroenterologia e Nutrição de São Paulo (Fugesp), entidade fundada em 23 de novembro de 1998. 

Ingressou como membro titular da Academia de Medicina de São Paulo, em 31 de março de 1977, permanecendo nesse sodalício por 32 anos (!), onde também galgou a condição de primeiro ocupante e membro emérito da cadeira no 41, cujo patrono é Felício Cintra do Prado. 

Moacyr Pádua Vilela escreveu diversos artigos, dentre os quais se têm como ilustração: “Comparative Study of Liver Lysosomes in the Hepato-Intestinal and Hepato-Splenic Forms of Human Schistosomiasis Mansoni ”; “The Therapy of Trichuriasis wiht a Combination of Thiabendazole and Pyrvinium Pamoate ”; “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida: Estudo Clínico e Imunológico de um Caso ”; “Icterícia Colestática Recorrente Benigna: Síndrome de Summerskill Walshe ”; “Vestibular Disorders Caused by Defective Enzyme Mechanisms in the Small Intestine”; “Influência da Abstenção Etílica na Evolução das Cirroses Alcoólicas com e sem Varizes Esofagogástricas”; “Doença de Gaucher: Relato de um Caso e Breve Revisão da Literatura”; “Recentes Avanços na Propedêutica Armada em Gastroenterologia”; “Avaliação Terapêutica do Praziquantel na Esquistossomose Mansônica”; “Emprego da Colchicina na Cirrose Hepática”; “Curva de Gastrinemia: Diferença de Comportamento a Estímulo Alimentar entre Portadores das Formas Hepatointestinal e Hepatoesplênica da Esquistossomose Mansônica”; “Concentração de Etanol em Bebidas Alcoólicas mais Consumidas no Brasil”; “Úlcera Peptica”; “Retocolite Ulcerativa Inespecífica”; “Diagnóstico da Ascite: Importância da Determinação do Antígeno Carcinoembrionário no Líquido Peritoneal”; “Papel dos Seromucoides no Diagnóstico Diferencial das Ascites”; “Diagnóstico da Esofagite em Pacientes Dispéticos: Achado de Exame ou uma Patologia Real?22”; “Conduta na Colelitíase”; “O Ácido Ursodesoxicólico (AUDC) no Tratamento das Hepatites Crônicas e nas Colestases”; e “Contribuição do Exame Citopatológico do Peritônio no Diagnóstico da Carcinomatose Peritoneal. 

São de sua lavra as obras: Síndromes Coprológicos – Diagnóstico e Terapêutica (1952, 1962 e 1967); Síndromes Coprológicos – Parasitologia e Bacteriologia Clínica (1967); Gastroenterologia (1979, em coautoria com Rubens Xavier Guimarães); e Gastroenterologia & Hepatologia (1996, em coautoria com Durval Rosa Borges e Maria Lucia Gomes Ferraz). 

Em entrevista concedida ao Jornal do Cremesp, em 2004, assim se expressou Moacyr Pádua Vilela sobre o desenvolvimento tecnológico da medicina: “Hoje possuímos grandes hospitais detentores de técnicas avançadas e centros de diagnóstico com os melhores equipamentos, que promovem um diagnóstico técnico preciso em todas as áreas médicas para um tratamento embasado em terapêutica avançada. Como médico, sinto que todo o avanço técnico/diagnóstico e as atribuições do mundo moderno relegaram, respectivamente, o exame clínico e a relação médico-paciente a um segundo plano. E, concordando com o professor doutor Jairo Ramos, ‘o diagnóstico propedêutico deve ser confirmado com exames clínicos, e não o contrário’, sustentando que um profissional bem formado ainda é menos passível de erros do que uma máquina“. 

Moacyr Pádua Vilela – um dos grandes nomes da gastroenterologia paulista e brasileira – sobressaia pelos comentários que fazia, assim como pela sua competência e simpatia. Exerceu a profissão por mais de 50 anos e contribuiu na formação de diversas gerações de médicos. Faleceu em 16 de dezembro de 2010, aos 88 anos de idade2. 

NOTAS: 

Esta biografia é uma autoria do Acad. Helio Begliomini, Titular e Emérito da cadeira nº 21 da Academia de Medicina de São Paulo sob o patrono de Benedicto Augusto de Freitas Montenegro.

As fotos foram uma gentileza da senhora Carmen Smidt, gerente administrativa da Sociedade de Gastroenterologia de São Paulo.

A gastroenterologia teve início no final do século XIX com os trabalhos do fisiologista francês Claude Bernard, e início do século XX com a descoberta dos hormônios gastrointestinais pelos fisiologistas ingleses Bayliss e Starling (1902). Entretanto, Izmar Isidor Boas (1858-1938) dedicou-se com afinco e exclusividade ao tratamento das doenças do aparelho digestivo em seu consultório, em Berlim, e é considerado o fundador da gastroenterologia como especialidade médica. 

Felício Cintra do Prado presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1953-1954, e é o patrono da cadeira no 41 desse sodalício.

Thomaz Imperatriz Pricoli é membro fundador e emérito da cadeira no 60 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Giovanni Battista Libero Badaró. 

Com exceção dos períodos em que exerceu os cargos de chefe do Departamento de Medicina e vice-diretor da EPM; nesses períodos chefiaram a disciplina de gastroenterologia Thomaz Imperatriz Pricoli (1978) e Rubens Xavier Guimarães (1979-1983). 

Coautoria com Pricoli TI, Guimarães RX e Saad FA. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 15 (4): 202-211, 1973. 

Coautoria com Zucas AW e Iglesias J. Journal of Clinical Pharmacological 5(2): 86-89, 1965. 

Coautoria com França Neto AG, Mattos Filho JLP, Longo LM, Moura NC, Taketomi EA,

Rocha TRF e Mendes NF. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia 7 (2): 14-17, 1984.

Coautoria com Pereira AA e Altieri L. GED – Gastroenterologia Endoscopia Digestiva 4 (2): 55-60, 1985.

Coautoria com Mangabeira-Albernaz PL, Fukuda Y e Miszputen SJ. Acta Oto-Laryngologica 99 (3-4): 330-335, 1985.

Coautoria com Mincis M. GED – Gastroenterologia Endoscopia Digestiva 4 (2): 45-50, 1985.

Coautoria com Catapani WR e Alves AC. Arquivos de Gastroenterologia 22 (1): 12-16, 1985.

Revista Brasileira de Clínica e Terapêutica 14 (3): 76-81,1985.

Coautoria com Gammal SH, Costa LCS e Curti Júnior O. Folha Médica 91 (5-6): 423-426,

1985.

Coautoria com Chehter L e Parise ER. Revista Paulista de Medicina 104 (5): 271-273, 1986.

Coautoria com Corrêa AR, Borges DR, Gammal SH e Neves MM. Revista Paulista de Medicina 104 (4): 180-184, 1986.

Coautoria com Neves MM e Rosa BD. GED – Gastroenterologia Endoscopia Digestiva 8 (1): 20, 1989.

Revista Brasileira de Medicina 46 (5): 138-142, 1989.

Jornal Brasileiro de Medicina 56 (6): 26, 28, 30, 1989.

Coautoria com Mattos AA e Both CT, Lima, JF. GED – Gastroenterologia Endoscopia Digestiva 9 (1): 13-17, 1990.

Coautoria com Mattos AA e Lima JP. Revista da Associação Médica do Rio Grande do Sul 35 (3): 144-147, 1991.

Coautoria com Ferrari Júnior AP e Geocze S. GED – Gastroenterologia Endoscopia Digestiva 10 (1): 27-31, 1991.

Jornal Brasileiro de Medicina 64 (5): 233-234, 1993.

Folha Médica 107 (5-6): 249-251, 1993.

Coautoria com Mattos AA e Lima JP. GED – Gastroenterologia Endoscopia Digestiva 12 (1): 13-22, 1993.

Durval Rosa Borges é membro fundador e emérito da cadeira no 8 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Durval Sarmento Rosa Borges, seu pai. 

Cremesp: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.  

Jairo de Almeida Ramos presidiu a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, por um mandato anual entre 1939-1940, e é o patrono da cadeira nº 75 desse sodalício.  

Data obtida no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.