Biografia

David Everson Uip

David Everson Uip, filho de Natália Atti Uip e David Uip, nasceu na Maternidade Pro Matre, na cidade de São Paulo, aos 16 de abril de 1952.

Casou-se em 1978 com Maria Teresa Uip, com quem teve três filhos: Juliana, Carolina e Raphael. É avô do Matheus, Gabriel, Helena e Isabel, e sogro do Tiago, Alexandre e, muito em breve, da Letícia.

Cursou o primário no Colégio São Francisco Xavier (particular), e o ginásio e científico no Colégio Alexandre de Gusmão (público). Desde a infância, incentivado pelos pais, praticou esportes – basquete, handebol, futebol de campo, futebol de salão e vôlei.

Na Faculdade de Medicina do ABC (atual Centro Universitário FMABC), onde se formou médico em meados da década de 1970, foi vice-presidente e presidente por dois anos da Atlética dessa instituição de ensino. Foi eleito o melhor atleta do ano de sua faculdade em 1972, 1973 e 1974. Santista fanático, frequenta regularmente o estádio da Vila Belmiro para assistir aos jogos do seu time do coração.

Participou ativamente de duas edições do Projeto Rondon, iniciativa coordenada nos anos 1970 pelo governo federal e realizada em parceria com instituições de ensino superior de todo o Brasil, para levar ações que contribuíssem com o desenvolvimento e o bem-estar de comunidades carentes.

Inspirado pelo infectologista e professor Vicente Amato Neto[1], ingressou em 1973 na residência médica em moléstias infecciosas e parasitárias no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Na mesma instituição, concluiu o mestrado em 1989, com a dissertação intitulada “Diagnóstico Precoce da Leptospirose por Biópsia do Músculo da Panturrilha”. Em 1993, obteve o título de doutor em doenças infecciosas e parasitárias, com a tese “Infecções em 100 Pacientes Submetidos a Transplante Cardíaco”, e, em 1996, conquistou a livre-docência com o trabalho “Toxoplasmose em Pacientes Submetidos a Transplante Cardíaco”.

Suas atividades profissionais se iniciaram no próprio HCFMUSP, onde foi médico preceptor entre 1978 e 1979, e trabalhou por 20 anos na Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias, tendo ocupado diversos cargos administrativos.

Além disso, convidado pelo professor Amato Neto, em 1978, começou a atender em consultório particular, onde, juntamente com outros médicos, identificou e cuidou do paciente considerado como o primeiro caso autóctone de HIV/Aids[2] no Brasil. A publicação científica ocorreu em 1983.

A convite do professor Fúlvio Pileggi[3], David Everson Uip ingressou em 1982 como médico-voluntário do Instituto do Coração (Incor) do HCFMUSP, onde, inicialmente, desenvolveu protocolos de controle de infecção hospitalar em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas. Em 1985, integrou a equipe que tratou o presidente eleito Tancredo Neves (morto naquele ano).

Naquele momento, teve seus primeiros contatos com a imprensa escrita e falada, hábito que mantém até os dias atuais. No Incor, David também cuidou do ex-ministro do Planejamento João Sayad e foi o médico principal do governador de São Paulo Mario Covas, vítima de um grave câncer de bexiga que, associado a outras complicações, ceifou precocemente sua vida, em 2001. Quase vinte anos depois, o médico também trataria do neto de Mario Covas e prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas, acometido por um câncer agressivo no estômago e na cárdia, que o matou em maio de 2021.

Efetivado no Incor em 1986, o infectologista trabalhou na instituição por 25 anos, tendo chegado ao cargo de diretor-executivo em 2003. Em 2007, a pedido do então governador de São Paulo, José Serra, assumiu concomitantemente a presidência da Fundação Zerbini[4], promovendo uma gestão de reorganização administrativa e de saneamento financeiro da instituição, naquele momento endividada e desvirtuada de seu papel central como entidade de apoio ao Instituto do Coração.

David Everson Uip foi protagonista e um dos principais porta-vozes do enfrentamento da epidemia de Aids, no Brasil e no exterior, tendo sido responsável pela elaboração de protocolos de atendimento a pacientes com HIV e prevenção para médicos, dentistas e outros profissionais de saúde no país.

Foi a partir de uma sugestão do infectologista, que José Sarney, seu paciente, amigo e ex-presidente da República, então senador, aprovou em meados da década de 1990 a lei que tornaria universal o tratamento de todos os pacientes soropositivos no país. Essa política pública é até hoje considerada um exemplo de sucesso pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Em São Paulo, o infectologista fundou e dirigiu por oito anos a Casa da Aids do Hospital das Clínicas da FMUSP, serviço de referência até hoje em funcionamento na capital paulista. Foi, ainda, diretor técnico de Serviço da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HCFMUSP.

De 2002 a 2019 o professor David Everson Uip coordenou um trabalho de combate à Aids e outras epidemias em Angola, na África, com resultados expressivos, com a melhoria de diversos indicadores, tais como número de grávidas cobertas pelo pré-natal, de gestantes que passaram a realizar o teste de HIV e de grávidas soropositivas que ingressaram no tratamento antirretroviral, além da queda na transmissão vertical do HIV e da ampliação da cobertura do tratamento de crianças e adolescentes vivendo com HIV/Aids, dentre muitos outros.

Entre os anos de 2009 e 2013, o médico dirigiu o Instituto de Infectologia Emílio Ribas[5], maior centro de tratamento de doenças infecciosas da América Latina e até hoje referência no tratamento da Aids. À época, foi porta-voz do enfrentamento da pandemia de Influenza H1N1, integrando o comitê de crise da Secretaria de Estado da Saúde e sendo uma das principais fontes sobre o assunto nos veículos de imprensa.

Na condição de diretor do Emílio Ribas, David Everson Uip obteve junto ao Governo de São Paulo uma autorização de investimentos da ordem de R$ 100 milhões, em valores da época, para uma ampla reforma e modernização do centenário instituto. O infectologista também inaugurou uma espécie de “filial” do Emílio Ribas na cidade do Guarujá, na Baixada Santista, concebida a partir de indicadores de altos índices de morbidade e mortalidade por doenças infecciosas, principalmente as sexualmente transmissíveis, no litoral sul paulista.

Em setembro de 2013, atendendo ao convite do então governador Geraldo Alckmin[6], o médico assumiu o cargo de secretário de Estado da Saúde de São Paulo, função que desempenhou até abril de 2018.

A ampliação da assistência pelo SUS (Sistema Único de Saúde) por meio da entrega de 13 novos hospitais estaduais e três AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades); a criação de um programa de apoio contínuo às santas casas e hospitais filantrópicos (“Santas Casas SUStentáveis”); o reforço da atenção básica dos municípios por meio de uma parceria inédita com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (“Programa Saúde em Ação”); a consolidação de uma rede estadual integrada de combate ao câncer (“Rede Hebe Camargo”); a implantação de um programa de atenção integral a dependentes químicos (“Recomeço”); o início dos estudos clínicos de fase 3 da vacina do Instituto Butantan contra a dengue; a construção da fábrica para produção do imunobiológico; o enfrentamento da judicialização da saúde e a implementação de programas para rastreio e tratamento de câncer de mama (“Mulheres de Peito”) e de próstata (“Filho que AMA Leva o Pai ao AME”) foram alguns dos destaques ao longo de seus quase cinco anos à frente da pasta estadual. 

Entre 2020 e 2022, coordenou e integrou o Centro de Contingência contra a Covid-19[7] do Governo de São Paulo, órgão que subsidiou fundamentado em análises do cenário epidemiológico em tempo real, em projeções estatísticas e nas evidências científicas disponíveis naquele momento, a tomada de decisões da administração pública estadual no enfrentamento da pandemia, bem como no desenvolvimento de protocolos para o manejo da doença. Foi outro momento de forte exposição na mídia para o infectologista.

O reconhecimento do trabalho do Centro de Contingência levou o governo estadual a criar a Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, que David Everson Uip coordenou por nove meses, em 2022, trabalhando em parceria com os integrantes do comitê para formular políticas públicas capazes de prever novas epidemias e pandemias, bem como estruturar seu enfrentamento com base nas melhores práticas.

Atualmente, além de reitor e professor titular de Infectologia do Centro Universitário FMABC, onde se formou em 1975, o médico atua como diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or, maior grupo privado de saúde do Brasil, e lidera um projeto inovador que tem como objetivo auxiliar no enfrentamento de epidemias e pandemias, identificar doenças emergentes e combater a resistência antimicrobiana. 

Além disso, atua como professor convidado do Grupo Educacional CEUMA, formado pela Universidade CEUMA (São Luís – MA), Centro Universitário UNIEURO (Brasília – DF), Centro Universitário UNIFAMAZ (Belém – PA) e Faculdade CEUPI (Teresina – PI), tendo já ministrado 15 aulas desde dezembro de 2021.

Nos dias úteis, ele atende aos seus pacientes no consultório particular, na zona sul de São Paulo, e passa visitas – inclusive em finais de semana e feriados – a todos os internados por ele ou sua equipe nos hospitais Vila Nova Star, Sírio-Libanês e Albert Einstein. Mas nunca abandonou a vida acadêmica e, por muitos anos, dedicou-se a uma extensa produção científica, que inclui:

  • 272 trabalhos publicados ou apresentados em eventos nacionais e internacionais
  • Mais de 4.369 citações
  • Scopus (ID 7003447244) g Indice H 24
  • ResearchGate g Indice H 26
  • Web of Science (ResearcherID: NGS-2370-2025)
  • SciELO – Scientific Electronic Library Online
  • PubMed   
  • 771 apresentações em seminários, simpósios, congressos, conferências e palestras nacional e internacional;
  • 173 participações e organizações de eventos científicos, congressos, exposições e feiras;
  • 79 participações em bancas universitárias e comissões julgadoras (incluindo orientação de iniciação científica, mestrado, doutorado, professor titular, livre-docência e concursos públicos);
  • 1324 produções técnicas e contribuições à divulgação científica (entrevistas, mesas-redondas, programas, comentários na mídia, redes sociais, websites, blogs e textos em jornais e revistas);
  • 51 prefácios e capítulos de livros publicados; e
  • 5 livros publicados no Brasil e exterior.

Ao longo da carreira, recebeu dezenas de honrarias, entre as quais se destacam:

  • 1988 Oficial da Ordem de Rio Branco, concedida pelo Presidente da República Federativa do Brasil, José Sarney.
  • 2018 – Medalha do Mérito Oswaldo Cruz[8], Categoria Ouro, entregue pelo Presidente da República Michel Temer, em cerimônia no Palácio do Planalto.
  • 2008 – Grã-Cruz da “Ordem do Mérito Cívico e Cultural”, Portaria no 153, de 4 de junho de 1965, do Ministério da Educação e Cultura do Governo da República Federativa do Brasil, entregue pelo Ministro da Educação, Fernando Haddad.
  • 2010 – Medalha da Ordem do Mérito Médico – Classe Comendador, concedida pelo Ministério da Saúde e entregue pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
  • 2022 – Medalha da Ordem do Mérito Assis Brasil, Tribunal Superior Eleitoral – TSE, entregue pelos Ministros Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, em cerimônia oficial do TSE.
  • 2008 – Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade de São Paulo, Câmara Municipal de São Paulo, entregues pelo Presidente da Câmara, vereador Antonio Carlos Rodrigues, por proposta do vereador Toninho Paiva.
  • 2016 – Colar de Honra ao Mérito Legislativo, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, entregue pelo Presidente da Assembleia Legislativa, Deputado Fernando Capez.
  • 2017 – Medalha da Constituição, concedida em comemoração à Revolução Constitucionalista de 1932, outorgada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), entregue pelo Presidente da Alesp, Deputado Carlão Pignatari.
  • 2008 – Voto de Louvor, concedido quando deixou a Diretoria Executiva do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, conforme Art. 222 do Regimento Interno do Senado Federal, entregue pelo Presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho.
  • 2007 – Título de Doutor Honoris Causa, concedido pelo Conselho Diretor e de Ensino, Pesquisa e Extensão (CDEPE) da FMU, em cerimônia presidida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello.
  • 2022 – Acadêmico Honorário da Academia Maranhense de Medicina, entregue pelo presidente da Academia Maranhense de Medicina, Dr. Gutemberg Gonçalves Bogéa.
  • 2017 – Título de Professor Honoris Causa do Centro Universitário de Brasília, o UniCEUB, entregue pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mendes de Farias Mello.
  • 2006 – Troféu Raça Negra, concedido pela Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sociocultural, criação da Universidade Zumbi dos Palmares, entregue pelo reitor e fundador da instituição, Professor Dr. José Vicente.
  • 1976 – Diploma de Honra ao Mérito, Coordenação do Projeto Rondon para a Área do ABC, entregue pelo Ministro da Educação, Ney Braga.

David Everson Uip mantém intensa atividade clínica, acadêmica e científica, sendo amplamente reconhecido por sua contribuição à saúde pública no Brasil e no cenário internacional. E, apesar de sua longa trajetória, não demonstra qualquer intenção de reduzir o ritmo.

Para acesso ao currículo completo, disponível na Plataforma Lattes, clique aqui.


[1] Vicente Amato Neto (1927-2018) ingressou como membro titular e segundo ocupante da cadeira no 6 da Academia de Medicina de São Paulo, em 4/10/2013, tendo por patrono Nagib Faris Michalany (1884-1946).

A. Pequenas adaptações do texto ao perfil desta secção, bem como as notas de rodapé foram feitas pelo acadêmico Helio Begliomini, emérito da cadeira no 21 da Academia de Medicina de São Paulo, cujo patrono é Benedicto Augusto de Freitas Montenegro (1888-1979).

B. A solenidade de posse ocorreu em sessão de gala no auditório Professor Doutor Adib Domingos Jatene da Associação Paulista de Medicina.

[2] HIV/Aids: Human Immunodeficiency Virus (Vírus da Imunodeficiência Humana) / Acquired Immune Deficiency Syndrome (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida).

[3] Fúlvio Pileggi (1927-2021) foi membro titular e emérito da Academia de Medicina de São Paulo, ingressando nesse sodalício em 21/3/1973.

[4] Euryclides de Jesus Zerbini (1912-1993) foi membro titular e emérito da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, ingressando nesse sodalício em 2/12/1941. É honrado post-mortem como patrono da cadeira no 29 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.

[5] Emílio Marcondes Ribas (1862-1925) foi membro titular da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de Medicina de São Paulo, ingressando nesse sodalício em 1/8/1910. É honrado post-mortem como patrono da cadeira no 56 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.

[6] Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho (1952-) é membro honorário da Academia de Medicina de São Paulo, tendo ingressado nesse sodalício em 7/3/2002.

[7] Covid-19: Infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2.

[8] Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917) é honrado post-mortem como patrono da cadeira no 99 da augusta Academia de Medicina de São Paulo.